O líder do PS/Açores falava, ontem, durante a sessão de abertura das Jornadas Parlamentares do GPPS dedicadas à análise do Plano e Orçamento para 2025, uma ocasião que aproveitou, desde logo, para deixar expressa a vontade e a determinação socialista em não calar “quando se verificar que as coisas não estão bem”.
Lamentando que o executivo de direita chefiado por José Manuel Bolieiro tenha optado por descartar as onze propostas apresentadas pelo PS/Açores para viabilizar o Orçamento, alegando que as mesmas “não são medidas, mas sim intenções”, César vincou que o partido “não abdicará desta negociação até ao último momento”.
Adiantou, por isso, que os socialistas açorianos vão apresentar “propostas de alteração que consubstanciam cada um desses onze pontos”, sendo também que “serão acrescentadas propostas sectorialmente”.
“Mas, quando nós falamos do apoio urgente aos estudantes deslocados estamos a falar de uma proposta genérica que não tem efeito na vida das pessoas?”, indagou o dirigente socialista, lembrando que o PS tem vindo a fazer sucessivos alertas sobre este problema.
“Esperávamos que fizesse alguma coisa nesta matéria, mas não fez, e o PS concretizou a criação de uma medida de apoio direto a 50% do custo da renda da habitação, até ao limite de 200 euros por mês, por aluno deslocado, sendo ao custo da habitação deduzido o valor dos apoios sociais ou de bolsas de formação que beneficiam. Isto é não ser concreto?”, assinalou Francisco César, reafirmando ser possível dialogar e negociar as medidas apresentadas pelo partido.
Neste particular, criticou o Governo por optar pela via fácil e “ouvir o Chega, que aprova sem qualquer dificuldade”, por estar mais “preocupado em manter o seu lugar”.
Ao alertar para o desafio da habitação na Região, sobretudo para a classe média, o dirigente socialista referiu que o executivo de Bolieiro apenas criou “majorações em programas que já existem e que não estão vocacionados para a resolução destes problemas”.
Já o PS/Açores, contrapôs, apresentou uma proposta no sentido de criar um programa para incentivar o aumento da oferta de habitação, “assegurando contratos de arrendamento de longo prazo aos promotores de novas habitações; a quem reabilite habitações ou a quem converta habitação que esteja em Alojamento Local em habitação permanente”.
No que diz respeito a outra medida, “que a direita nos Açores diz não ser concreta”, o líder do PS/Açores salientou que sobre esta os socialistas não admitem mesmo negociação.
Em causa está o acesso de crianças às creches, com o presidente da estrutura regional socialista a defender categoricamente que o mesmo só pode ser “universal, gratuito e sem excluir ninguém”.
Socialistas preocupados com aumento do endividamento
Noutro capítulo, César lamentou que, “face à falta de dinheiro para fazer pagamentos”, haja na Região, atualmente, “o maior Governo de sempre”.
E propôs então que se trabalhe no sentido de evitar que haja “aumento do endividamento”.
Ao criticar que o atual executivo açoriano tenha conseguido aumentar “a dívida pública em mil milhões de euros” no espaço de três anos e meio, César sustentou ser urgente “em primeiro lugar, reduzir a dívida a fornecedores”.
“É algo que podemos negociar, se houver essa disponibilidade”, indicou, acrescentando que os socialistas dos Açores estão ainda disponíveis para conversar sobre a redução da dimensão de dívida pública.
“Não podemos ter um Governo Regional com cerca de 64 técnicos especialistas, a somar assessores e adjuntos, temos de reduzir”, frisou, reiterando que o PS está, como sempre esteve, “a apontar problemas, criticar más opções de gestão e apontar o caminho, as soluções e dar a mão quando é preciso”.
“Fazemos aquilo que é necessário para ajudar os Açores a serem uma Região mais desenvolvida e mais próspera”, terminou.