Ladeado pelo Presidente do PS, Carlos César, e perante uma consternada assistência reunida no hotel Altis, em Lisboa, o Secretário-Geral anunciou a sua demissão do cargo, ao qual, clarificou, não será recandidato.
“Assumo as minhas responsabilidades como líder do PS, como sempre fiz no passado, sempre que achei que deveria assumir responsabilidades e vou, por isso, pedir eleições internas”, declarou Pedro Nuno Santos, para de seguida anunciar que solicitara a realização de uma Comissão Nacional do Partido para o próximo sábado, dia 24 de maio.
Num quadro particularmente difícil da vida partidária, o líder socialista evocou o fundador Mário Soares para lembrar que “só é vencido quem desiste de lutar”, salientando que sentiu “sempre o PS unido” e consigo.
Sobre o partido que liderou durante 17 meses, afirmou ter “muito orgulho”, enaltecendo todo o trabalho realizado neste período “particular”.
“Tenho muito orgulho na história do Partido Socialista”, vincou igualmente, deixando agradecimentos a militantes, dirigentes, autarcas, à Juventude Socialista e ao diretor nacional de campanha, Nuno Araújo.
“Acho que honrei a história do Partido. Foi isso que tentei fazer ao longo destes anos”, assegurou, na declaração que fez depois de conhecidos os resultados eleitorais.
Acolhido com uma grande salva de palmas pelos apoiantes que se juntaram no Altis para acompanhar a noite eleitoral, o líder do PS enfatizou que nestes “tempos duros e difíceis para a esquerda e para o PS”, valoriza ainda mais cada voto e cada manifestação de apoio.
“Queria agradecer cada voto, cada carinho, cada apoio que nós fomos tendo ao longo destas semanas”, disse, reafirmando que os socialistas não provocaram estas eleições, mas queriam vencê-las.
“Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, fizemos uma boa campanha, mas nós não conseguimos ganhar estas eleições. O povo português falou com clareza e nós, como sempre, ao longo da nossa história, respeitamos, como é evidente, a decisão do povo português”, precisou.
Vencer as Autárquicas e combater a extrema-direita sem medo
Antes das perguntas dos jornalistas, Pedro Nuno Santos alertou para os perigos que se perfilam no horizonte político da democracia portuguesa.
“A extrema-direita cresceu, cresceu muito, tornou-se mais violenta, mais agressiva e mais mentirosa”, avisou, pedindo um combate “sem complacência, com coragem, firmeza e sem medo”, esteja a extrema-direita “no poder ou a influenciar quem está no poder”.
Neste ponto, referiu também que já tinha ligado a Luís Montenegro para o felicitar pela vitória, deixando claramente expresso que não lhe cabe ser “o suporte deste Governo”.
Segundo Pedro Nuno Santos, também não cabe ao PS dar suporte ao novo executivo da AD porque “Luís Montenegro não tem a idoneidade necessária para o cargo de primeiro-ministro e as eleições não alteraram essa realidade”.
A este propósito, assinalou ainda que as razões que levaram os socialistas a defender uma comissão de inquérito ao primeiro-ministro se mantêm “intocáveis”.
“Em segundo lugar, lidera um Governo que falhou a vários níveis no último ano. Em terceiro lugar, tem um programa, apresentou um programa que vai contra os princípios e os valores do Partido Socialista”, resumiu.
Sobre as eleições autárquicas e as escolhas de candidatos já feita por esta liderança, o Secretário-Geral fez notar que o “PS tem grandes candidatos às autarquias” e que “os portugueses sabem bem distinguir atos eleitorais”.
“Tenho muita confiança, não só no PS, como nos candidatos autárquicos que nós temos pelo país e vamos ganhar a maioria das câmaras no país, não tenho muitas dúvidas sobre isso”, afirmou.