Falando na capital algarvia perante militantes e autarcas socialistas da região, na apresentação da sua moção de orientação política que levará ao Congresso do PS, António Costa começou por alertar para a importância estratégica das verbas do PRR, considerando-as como um “trampolim” decisivo para que a economia portuguesa possa convergir em tempo útil com as dos restantes 27 Estados-membros.
“Já chamámos de bazuca, que é uma vitamina, mas que eu acho que é mais, verdadeiramente, um trampolim, para podermos ir mais além do que teríamos a possibilidade de ir sem termos, efetivamente, esses recursos”, referiu.
A Comissão Europeia anunciou esta terça-feira que vai começar a aprovar já na próxima semana os primeiros planos nacionais de recuperação e resiliência para adoção pelo Conselho, o que deverá garantir que parte do pré-financiamento pode começar a chegar aos cidadãos e empresas durante este verão.
Portugal, que foi o primeiro Estado-membro a entregar formalmente em Bruxelas o respetivo plano, em abril, espera que o mesmo esteja no primeiro grupo de planos a serem aprovados e adotados, prevendo projetos de 16,6 mil milhões de euros, dos quais 13,9 mil milhões de euros dizem respeito a subvenções a fundo perdido. O pré-financiamento de 13% do montante total atribuído a cada Estado-membro será disponibilizado aos governos nacionais após a aprovação dos seus planos.
Intervindo ontem em Faro, o líder socialista reafirmou que a aplicação das verbas do PRR tem de ser olhada como “um enorme desafio e uma oportunidade única”, mostrando-se persuadido que as novas gerações “não nos perdoariam caso não viéssemos a utilizar bem cada cêntimo que vamos ter disponível”.
Sobre o Algarve, António Costa lembrou que, “tal como Lisboa”, por serem consideradas ambas “regiões que já não são de convergência”, têm sido penalizadas “há vários anos” na transferência de fundos comunitários, reafirmando que agora com as verbas abrangidas no PRR, o Algarve terá uma “nova oportunidade para diversificar a sua base económica”.
Voltar a crescer
De acordo com António Costa, o país tem a “obrigação e a responsabilidade” de voltar a crescer, “mais e com mais ambição do que anteriormente”, reconhecendo, contudo, o líder socialista que os investimentos têm de contribuir de forma efetiva para uma maior e mais sustentada “diversificação da base económica do país”, aumentando “o seu potencial produtivo”, permitindo que se “faça diferente”, e evitando sempre o recurso às soluções fáceis de “despejar dinheiro, gastando por gastar ou de fazer obra por fazer obra”.