Próximo governo não pode depender da vontade do PR
António Costa esteve ontem num plenário com militantes e simpatizantes, no Fórum Lisboa, que se encontrava completamente cheio.
Num discurso em que classificou como “decisivo” este mês de abril em termos de mobilização para as eleições legislativas, António Costa defendeu a tese de que o atual Governo “fracassou” em todos os seus objetivos e que instituições nacionais como o INE, ou instituições internacionais como o FMI, OCDE e Parlamento Europeu dão razão ao PS “e desmentem a fantasia do primeiro-ministro”
“Nós não estamos a crescer, nós retrocedemos 15 anos nestes 4 anos de governação da direita”, disse o secretário-geral do PS, “A realidade que temos hoje é que o nível de investimento caiu, o nível de investimento nestes 4 anos fez-nos andar 3 décadas para trás, estamos com um nível de investimento com que estávamos em 1984, andamos 15 anos para trás na riqueza, 20 anos para trás no emprego, 3 décadas para trás no investimento e isto foi o resultado destes 4 anos, 4 anos de retrocesso e fracasso na acção governativa.”
“Este governo olhou sempre para os problemas com preconceito, com uma ideia feita e quis impor-nos um dogmatismo ideológico que sistematicamente conduziu ao fracasso”, afirmou António Costa
“O INE veio ontem chamar a atenção para a redução brutal do número de camas que temos tido nos hospitais, e podia-se dizer que o governo tem reduzido as camas nos hospitais porque tem prosseguido uma estratégia inteligente da reforma na saúde prosseguindo o programa que o PS tinha lançado, mas a verdade é que este governo matou o programa das Unidades de Saúde Familiares e não desenvolveu o Programa de cuidados continuados, a razão pela qual estas camas diminuíram nos hospitais públicos não tem a ver com uma boa gestão do SNS” disse António Costa, “Veio o secretário de Estado da saúde explicar que verdadeiramente não se tratava de poupar recursos, não se tratava de diminuir a despesa na saúde, o que estava a acontecer é que o governo estava a deixar de investir nos hospitais do SNS para investir e apoiar os hospitais privados e as camas dos públicos estavam a desaparecer para dar lugar às camas dos privados”
“Definitivamente, nem o setor da restauração, nem as famílias portuguesas fazem parte da lista VIP. Não têm direito a tratamento decente por parte do Ministério das Finanças”, disse António Costa depois de criticar o governo por se opor sistematicamente à descida do IVA da restauração e à existência de uma cláusula de salvaguarda ao nível do Importo Municipal sobre Imóveis.
“Temos uma orientação estratégica e uma agenda europeia, porque sabemos bem que aquilo que é necessário fazer não se faz unilateralmente, não se faz saindo da União Europeia, não se faz saindo do euro, nem em conflito com os nossos parceiros, mas faz-se construindo a aliança necessária com os nossos parceiros para defendermos o interesse nacional. A alternativa não está nem na rutura com a Europa, nem na submissão aos interesses dos outros”, afirmou António Costa
Para o secretário-geral, o caminho e a alternativa dos socialistas passa pela “defesa do interesse nacional no quadro da Europa”.
“Porque é na Europa que queremos estar, mas como Portugal e como portugueses. Por isso, não ficaremos à espera das eleições para depois nos confrontarmos na Europa com a demagogia das promessas, nem tiramos fotografias com o ministro das Finanças alemão como um exemplo da boa execução do seu programa europeu”, disse António Costa
O secretário-geral do PS, advertiu que o Governo que sair das próximas eleições não pode ficar dependente da vontade do Presidente da República, nem de jogos partidários, defendendo o caráter soberano do voto popular.
“Não podemos deixar nem aos jogos partidários, nem à vontade do Presidente da República a escolha do novo Governo. No país de Abril quem vota e quem escolhe os governos é o povo e vai ser o povo a escolher o próximo Governo”, declarou o secretário-geral do PS