Processo de vacinação está a decorrer como planificado e com cobertura superior a alguns parceiros europeus
O vice-presidente da bancada do PS Pedro Delgado Alves lamentou hoje, no Parlamento, que haja partidos que utilizem casos excecionais, como a manipulação no processo de vacinação contra a Covid-19, como se fossem a regra, quando, na verdade, este processo está a “decorrer da forma como está planificada”, e a ministra da Saúde salientou que “respeitar a saúde mental dos portugueses é falar com verdade e com honestidade e não ceder ao populismo”.
O deputado do PS, que falava durante a discussão do relatório sobre a aplicação da declaração do estado de emergência, alertou que este “deve ser um debate de análise das medidas que estão a ser executadas em cumprimento do estado de emergência e, se alguma coisa revela declínio, é o declínio da qualidade da linguagem, do respeito pelo outro e da forma como abordamos um debate parlamentar num dos momentos mais difíceis da história do país”.
Dirigindo-se à bancada dos social-democratas, que no debate desta tarde utilizou linguagem que não é apropriada ao tema nem ao local da discussão, Pedro Delgado Alves deixou claro que “podemos olhar para a realidade e discordar quanto a ela, não podemos é criar uma realidade paralela diferente, temos direito a argumentos diferentes, não temos direito a criar factos diferentes”.
Assim, relativamente ao processo de vacinação, não se deve “transformar aquilo que é minoritário e extraordinariamente problemático”, como é o caso do “abuso por parte de qualquer cidadão” que tenta “manipular ou passar à frente nas prioridades” – algo “inaceitável” para o Partido Socialista – numa regra, até porque estes casos, “felizmente, são a exceção”, frisou.
Pedro Delgado Alves assegurou que o processo de vacinação “está a decorrer da forma como está planificada” e, nalguns aspetos, está a decorrer “até com uma cobertura que supera alguns dos nossos parceiros europeus”. É do conhecimento geral que este processo “padece de uma dificuldade estrutural que tem a ver com o acesso às vacinas”, mas “não é um problema português, é um problema da União Europeia”, lembrou o socialista, que pediu a todos os deputados, principalmente aos do PSD, que “não confundam questões que são partilhadas com todos os Estados europeus com questões que eventualmente decorreriam de alguma falta de atenção por parte do Governo”.
O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS mencionou que o combate à pandemia vai evoluindo “consoante temos acesso a mais informação”. “O conhecimento da doença, o conhecimento da sua evolução, o aparecimento de novas estirpes, a forma como ela se propaga, obviamente implica que, no dia-a-dia, seja necessário rever medidas, adaptar medidas de confinamento mais fortes”, sublinhou.
Ora, aqui se insere o caso do Natal: “Todos nesta câmara concordámos que o desconfinamento no período do Natal era relevante para dar espaço à economia para respirar e, obviamente, todos concordámos porque sabemos que o país sofre imensas dificuldades”.
“Naturalmente, hoje sabemos que, se calhar, devíamos ter feito diferente. Hoje temos dados que não tínhamos na altura, mas todas as semanas procurar sublinhar isto como um erro”, como tem feito a direita, “quase que uma vontade de fazer mal por parte do Governo, é que não nos parece sério da perspetiva deste debate”, avisou o deputado.
Respeitar saúde mental dos portugueses é falar com verdade
Também a ministra da Saúde, Marta Temido, lamentou as críticas dirigidas ao plano de vacinação durante o debate: “Não consideramos que o nosso plano de vacinação esteja ao nível da linguagem que está a ser utilizada para o caracterizar, consideramos que há erros, que há necessidades de correção, mas consideramos que respeitar a saúde mental dos portugueses é falar com verdade e com honestidade e não ceder ao populismo, não ceder à demagogia, não ceder à linguagem ofensiva e à argumentação fácil”.
A governante explicou que “aquilo que o Governo insiste em reafirmar, custe a quem custar, é que sempre utilizou as medidas proporcionais face àquilo que eram as necessidades de combate à pandemia”.
“Alguns começam a dizer que devíamos ter sido não proporcionais. E é isso que nós recusamos fazer: é não ser proporcionais face aos perigos que enfrentamos”, asseverou Marta Temido, que deixou claro que o Executivo não tem “qualquer obstinação ou qualquer intenção de manipular dados”, pelo contrário, tem “intenção de falar claro e de ser totalmente sérios quanto às dificuldades e às incertezas que temos em cada momento”.
A ministra da Saúde admitiu que “esta incerteza que nos foi trazida pela pandemia foi uma incerteza que nunca imaginámos ter, mas foi a incerteza que nos levou a identificar uma nova variante [da Covid-19], a reconhecer o seu efeito e a adequar as medidas que vimos pensando de acordo com as necessidades da nova variante”.