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Primeira Casa abrigo para vítimas de violência doméstica com doença mental abre em Viseu

Primeira Casa abrigo para vítimas de violência doméstica com doença mental abre em Viseu

A primeira casa abrigo com acolhimento diferenciado para mulheres vítimas de violência doméstica com doença mental está a funcionar, desde o dia 04 de fevereiro, em Viseu, com o objetivo de as ajudar a construir um novo projeto de vida.
Casa Abrigo em Viseu

Este projeto piloto e pioneiro a nível nacional surgiu na sequência da mobilização de um conjunto de esforços, que levou à celebração de um protocolo entre a Casa do Povo de Abraveses (entidade gestora da casa abrigo) e o Centro Hospitalar Tondela Viseu, e conta com o apoio da secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade.

O anúncio foi feito pela ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, que presidiu esta segunda-feira à cerimónia de apresentação da Casa de Abrigo – Acolhimento Diferenciado para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica com Doença Mental, no auditório do Centro Hospitalar Tondela-Viseu.

“Precisamos, infelizmente, de retirar as vítimas da sua zona de conforto […] e protegê-las numa casa de abrigo – neste caso, uma casa especializada para pessoas que sofrem de doença mental – quer esta resulte já da situação de vítimas, quer ela acumule a essa situação”, explicou a ministra aos jornalistas.

O projecto-piloto, pioneiro em Portugal, permitirá assim às mulheres em causa “ser apoiadas na construção do seu projeto de vida com vista à autonomização”, adiantou a ministra.

“Tem capacidade para acolher dez utentes, incluindo os filhos menores ou maiores com deficiência na sua dependência”, explicou a diretora técnica do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica do Distrito (NAVVD) de Viseu, Carla Andrade, durante a apresentação pública do projeto.

Segundo Carla Andrade, “o trabalho desenvolvido em rede pelo NAVVD Viseu nos últimos dez anos junto das vítimas de violência doméstica tornou evidente a lacuna de uma resposta especializada para vítimas de violência doméstica com doença mental”.

A maioria das pessoas acompanhadas pelo núcleo tinham “acentuada prevalência de patologia psiquiátrica, seja do tipo afetivo, do tipo psicótico e perturbações da personalidade”, havia uma “acentuada percentagem de vítimas com antecedentes de tratamento e acompanhamento psiquiátrico e toma regular de psicofármacos” e também casos de “dificuldade de continuidade dos cuidados psiquiátricos regulares”, explicou.

A responsável disse que, na casa abrigo, as mulheres vítimas de violência doméstica com doença mental terão “condições de segurança e de conforto” e o acompanhamento de uma equipa especializada.

Esta equipa é constituída por “uma médica psiquiatra, um enfermeiro especialista na área da doença mental, um psicólogo, uma assistente social e auxiliares de ação direta com formação na área”, acrescentou.

Carla Andrade explicou que, com o protocolo celebrado entre a Casa do Povo de Abraveses e o Centro Hospitalar Tondela Viseu, será possível “uma eficaz articulação com a área da psiquiatria, pedopsiquiatria, pediatria, sexologia e urgência no sentido de responder às complexas situações das vítimas acolhidas na casa abrigo”.

Foi também celebrado um protocolo com a Escola Superior de Saúde, “com vista à elaboração de um estudo científico que permitirá obter evidência científica acerca da relação entre violência doméstica e doença mental”, referiu.

O presidente da Casa do Povo de Abraveses, Carlos Aparício, considerou que fazia falta uma estrutura “que apoiasse e pudesse fazer com que as mulheres partissem para uma vida normal muito mais preparadas e com melhores aconselhamentos”.

“Fomos avançando para este projeto, sabendo que era uma resposta inovadora”, frisou, mostrando-se orgulhoso por, a partir de hoje, a casa estar oficialmente em condições de receber as mulheres.

Na última década, o NAVVD atendeu 1.552 pessoas, tendo constatado uma elevada prevalência de patologia psiquiátrica.

A Casa do Povo de Abraveses é a entidade gestora do NAVVD e do Centro de Centro de Acolhimento de Emergência que acolheu, desde 2013, 595 mulheres e filhos menores vítimas de violência doméstica.