Opinião: Prevenir em vez de remediar
O ambiente não tem fronteiras. Por isso, é essencial a coordenação das políticas e a cooperação entre os diferentes países de uma determinada região e destes com o resto do mundo. E é essencial o envolvimento dos cidadãos.
Se um país aumentar, em vez de reduzir, as emissões de gases com efeito de estufa e poluir os lençóis freáticos, é evidente que os países vizinhos, ainda que tenham elevados parâmetros de proteção ambiental, são negativamente afetados. Se um agricultor cultivar organismos geneticamente modificados (OGM) ou pulverizar os seus campos com pesticidas, os agricultores vizinhos sofrem as consequências, não podendo, por exemplo, dedicar-se à agricultura biológica.
Os desafios ambientais de hoje são muito diferentes dos de há quarenta anos. Nas décadas de 1970 e 1980, deu-se especial atenção a questões ambientais ditas “tradicionais”, como a proteção das espécies e a melhoria da qualidade do ar e da água. Atualmente, a complexidade dos problemas ambientais exige uma abordagem mais integrada. Felizmente, assiste-se a uma mudança de atitude: em vez de se agir para remediar a situação, já se está a agir para prevenir a degradação ambiental.
Prevenir em vez de remediar, deve ser o lema que norteia a ação. Não por acaso, os princípios da precaução e da ação preventiva estão consagrados nos Tratados da União Europeia. E está provado que prevenir é mais eficaz e mais barato que remediar.
São, pois, de saudar as recentes medidas anunciadas pelo governo do PS para preservar a floresta e prevenir os fogos florestais e para preservar a qualidade do ar, disponibilizando alguns milhões de euros para subsidiar a aquisição de veículos elétricos. Mas não bastam boas medidas: é igualmente necessário que elas sejam devidamente utilizadas. As responsabilidades não são exclusivas dos governantes. Há responsabilidades legais e de cidadania.
Não há política ambiental bem-sucedida sem o apoio e a participação dos cidadãos. Felizmente, os cidadãos estão hoje mais despertos para a importância do ambiente. Estudos de opinião realizados a nível europeu revelam que mais de 90% dos inquiridos consideram que o ambiente é importante e manifestam-se preocupados com a poluição das águas, o esgotamento dos recursos naturais e o aumento dos resíduos. Mas as preocupações não bastam. É preciso fazer. É preciso que cada um cumpra a sua parte.