Intervindo na abertura de uma conferência da CNN/Portugal, que decorreu no Parque das Nações, em Lisboa, o líder do executivo alertou para o principal risco resultante da desregulação dos mercados que se coloca ao jornalismo profissional, caso, por opção de concorrência, não se diferencie do fenómeno da infodemia que “corre nas redes sociais”.
“Quando o jornalismo começa por imitar, acaba por legitimar o que é falso. Nessa altura, o que devia ser o original, passa a ser o falso do falso e perde o seu elemento diferenciador”, apontou.
Mas António Costa foi mais longe e estabeleceu depois um paralelismo com a evolução das correntes políticas nas sociedades ocidentais, em que se tem vindo a observar uma contaminação dos partidos da direita democrática, que se deixam confundir com a direita populista.
“O que acontece na política a muitos partidos da direita democrática face à direita populista, é o que não pode acontecer no jornalismo, sob pena de a democracia perder um dos seus principais alimentos, que é a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa”, salientou.
António Costa defendeu, neste sentido, que “o mundo precisa do rigor e da deontologia do jornalismo profissional: aquele que permite distinguir a verdade da mentira; aquele que permite contextualizar, evitando a generalização fácil; aquele que permite explicar o que é complexo, que assegura o pluralismo, o contraditório; e aquele que permite preservar a memória, possibilitando a comparação para se perceber o caminho que está a ser seguido”.
“Precisamos de uma cidadania informada como vacina contra os populismos. E só o jornalismo informado garante essa cidadania informada. No mundo em que vivemos, como alguns designam, em situação de infodemia, o jornalismo é o verdadeiro ‘teste de PCR’ entre a verdade e a mentira”, concluiu.