Falando à margem da Conferência de Lugano, na Suíça, encontro que tem por objetivo a elaboração de um plano para a reconstrução da Ucrânia, de que fazem parte 36 países e organizações, como o Banco Mundial, a Organização Mundial de Saúde e a União Europeia, o ministro da Educação, João Costa, em palavras à Lusa, deixou a garantia de que Portugal vai concentrar a ajuda a este país do Leste europeu na reconstrução de estabelecimentos de ensino na região de Jitomir, onde, como salientou, “já existe um trabalho de mapeamento de escolas onde podemos intervir”.
De acordo com os dados divulgados pelo Governo de Kiev, aproximadamente 1.200 estabelecimentos de ensino em todo o país terão sido destruídos nestes últimos quatro meses pela artilharia russa, sendo que, só na região de Jitomir, a devastação destruiu mais de 70 escolas.
Ainda segundo o ministro João Costa, Portugal, num trabalho conjunto do Governo e do Ministério da Educação, através da Parque Escolar, com o Governo ucraniano, vai juntar-se a outros países para reconstruir o maior número possível de estabelecimentos de ensino, creches e escolas secundárias, estando ainda por definir, como mencionou, o “número concreto de escolas que caberá a Portugal recuperar”.
Para o titular da pasta da Educação, o que este projeto não pode deixar de cumprir, é de encontrar o equilíbrio necessário entre a recuperação de edifícios escolares que a Ucrânia pretende que seja relativamente rápida e os “princípios de qualidade e segurança” dos próprios edifícios.
Acolhimento a 13 mil crianças nas escolas portuguesas
Os números são do Governo ucraniano e corroborados por diversas organizações internacionais: a guerra que a Rússia está a impor à vizinha Ucrânia já levou à fuga de milhões de pessoas, com Portugal a ter concedido, até ao momento, cerca de 47 mil proteções temporárias, “28% das quais concedidas a cerca de 13 mil crianças”.
Um cenário que na prática se traduz, como lembrou João Costa, no facto das escolas portuguesas terem aberto as suas portas desde o início da invasão a todos estes alunos ucranianos que escolheram o nosso país para se refugiarem, com perto de 4.700 estudantes inscritos no ensino de português, sem que até ao momento, disse ainda o ministro, o número de matrículas no final do 3º período tenha registado uma significativa baixa.
Ainda de acordo com o titular da pasta da Educação, o apoio que Portugal tem prestado à Ucrânia, seja na reconstrução de escolas, seja no apoio direto às populações, não se insere apenas e só, como salientou, na questão da “solidariedade e da cooperação”, mas sim, e sobretudo, no “reconhecimento do absurdo desta guerra e da crueldade dos ataques” perpetrados pelo regime russo, desde finais de fevereiro, sobre populações civis indefesas, defendendo João Costa que as escolas “são os melhores lugares para construir a paz, para assegurar a civilidade e a democracia”.