“Pela primeira vez em muitas transições tecnológicas, nós somos um dos países que tem melhores reservas naturais, maiores reservas naturais da matéria prima que está na base desta transição”, afirmou António Costa, intervindo num encontro dedicado à Cadeia de Valor das Baterias Sustentáveis, no Instituto Ibérico de Nanotecnologia (INL).
O chefe de Governo salientou, em particular, a mais valia que Portugal apresenta ao ter reservas de lítio, sem deixar de sublinhar que os territórios nos quais será feita a extração daquele recurso têm de beneficiar das compensações correspondentes.
“Boticas e Montalegre, como qualquer outra das regiões e municípios onde os recursos existem, têm de ser devidamente compensadas e remuneradas por essa riqueza que vai poder ser multiplicada com a aplicação do conhecimento que o sistema cientifico disponibilizar, com a valorização que a sua industrialização vai desenvolver”, defendeu.
António Costa deixou ainda o aviso de que, desta vez, a falta de capital não poderá ser razão para que o país não assuma um lugar cimeiro em todo o processo.
“Temos aqui uma enorme responsabilidade porque há um recurso que é escasso em Portugal, que é o recurso de capital. Mas, desta vez, nós não podemos ter desculpas para dizer que não há oportunidade para mobilizar o capital”, apontou, lembrando que “a União Europeia mobilizou, seja em fundos de natureza concorrencial, seja em fundos alocados ao país, recursos financeiros de natureza absolutamente extraordinária”.
“Temos de ter a capacidade de mobilizar”, vincou.
Como exemplo, o primeiro-ministro apontou uma verba de mil milhões de euros para as agendas mobilizadoras incluída no Plano de Recuperação e Resiliência, “com potencial de crescer mais 12 mil milhões de euros se houver capacidade e procura efetiva para a sua utilização”.
Além dos recursos naturais, como o lítio, e do capital, António Costa salientou outra vantagem que Portugal apresenta neste processo de transição energética: “o conhecimento”.
“A capacidade que o nosso sistema de educação, de formação, o nosso sistema cientifico e tecnológico desenvolveu nas ultimas décadas”, como evidenciou o líder do executivo socialista, permite hoje ao país ter “o saber de transformar” os recursos de que dispõe “em algo que tem o maior valor acrescentado”.