Portugal reafirma-se como garante de uma relação profícua e de confiança
Esta posição foi transmitida por António Costa após ter estado reunido com o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, no Palácio de Queluz, concelho de Sintra, ocasião em que os dois governos celebraram a assinatura de 17 acordos bilaterais em diversas áreas.
“A nossa relação funda-se em mais de cinco séculos de convivência e numa confiança mútua que foi sendo confirmada e reafirmada. No quadro bilateral e da União Europeia, somos sempre um garante da relação de confiança com a República Popular da China”, afirmou o líder do Governo português.
António Costa disse ainda que a visita de Estado de Xi Jinping a Portugal, que termina esta quarta-feira, ocorre num “momento especialmente importante, quando, no próximo ano, se celebram 40 anos de relações diplomáticas entre os dois países e 20 anos após a devolução à China da administração do território de Macau, criando as condições para “um novo reforço” das relações bilaterais entre os dois países, do ponto de vista económico e cultural.
“A sua visita de Estado rapidamente será correspondida com a visita do nosso Presidente da República à China e seguramente com a continuação das relações muito intensas entre os nossos governos”, acrescentou António Costa, dirigindo-se a Xi Jinping.
“Com a confiança que temos, em cada novo encontro, são dois passos à frente que conseguimos dar no nosso relacionamento cada vez mais profícuo entre nós”, congratulou-se.
Nova Rota da Seda, investimentos e abertura às exportações
Tendo ao seu lado o Presidente chinês, António Costa sublinhou que a visita de Xi Jinping a Portugal teve resultados “concretos”, destacando investimentos previstos no país em áreas industriais e científicas, e a abertura às exportações de bens alimentares, e tendo enfatizado que os acordos bilaterais envolveram não apenas os dois governos, mas também instituições universitárias, autarquias e empresas dos dois países.
Dos acordos assinados, o primeiro-ministro português destacou, em primeiro lugar, o memorando de entendimento para a participação de Portugal na chamada “Rota da Seda Marítima do século XXI”, abrangendo uma ampla gama de setores, com destaque para a conetividade e para a mobilidade elétrica.
António Costa destacou também os novos investimentos chineses em projetos de “raiz”, apontando a relevância do plano para a instalação de uma unidade de serviços partilhados em Matosinhos, que permitirá criar 120 postos de trabalho logo na fase inicial.
“São muito importantes também os acordos para projetos conjuntos como o Starlab, para microssatélites – um primeiro passo de produção industrial mista -, mas também ao nível de áreas industriais dos setores automóvel e da mobilidade elétrica”, acrescentou.
No plano financeiro, António Costa congratulou-se pelo facto de a agência de notação financeira chinesa ter passado a considerar como elegível a dívida portuguesa para emissões de dívida em yuans, o que permite, como assinalou, “uma diversificação das fontes de financiamento da economia portuguesa”.
“Por outro lado, podemos colaborar na internacionalização do yuan”, completou o primeiro-ministro português, antes de se referir à importância da abertura do mercado chinês à importação de produtos nacionais, como a carne de porco ou a uva de mesa, o que poderá representar um valor de cerca de 100 milhões de euros por ano.
Declaração conjunta repudia protecionismo, defende direitos humanos e apoia Guterres
Na declaração conjunta adotada pelos dois governos, Portugal e China partilharam o apoio à ação do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, assumindo ainda o repúdio ao protecionismo e unilateralismo, assim como a defesa dos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável.
No documento, com 21 pontos, “as duas partes manifestaram o apoio a uma economia mundial aberta e repudiaram todas as formas de protecionismo e unilateralismo, comprometendo-se a promover a liberalização e facilitação do comércio e investimento no âmbito das regras do sistema multilateral do comércio”.
Portugal e a China transmitem ainda o seu apoio “à reforma do sistema das Nações Unidas de modo a aumentar a sua autoridade e eficiência”.
“A reforma deve refletir o princípio de abertura e transparência, ouvir de forma extensiva as opiniões dos países membros e buscar amplo consenso mediante consulta plena. As duas partes sublinharam o seu apoio aos esforços do secretário-geral da ONU neste âmbito”, acrescentam.
Na declaração conjunta, merece ainda nota de relevo o reconhecimento por parte de Pequim do “papel importante que Portugal desempenha em salvaguardar a estabilidade e impulsionar a integração da União Europeia”.