O líder socialista, Pedro Nuno Santos, voltou ontem a garantir, no grande comício no Theatro Circo, em Braga, ser o único candidato a primeiro-ministro que reúne as capacidades políticas necessárias para responder aos anseios dos portugueses e para garantir que “aquilo que conquistámos” não será posto em causa.
Voltou a associar o projeto da Aliança Democrática, liderada por Luís Montenegro, ao “regresso ao passado”, e em particular “aos anos da troica”, um passado, como garantiu, a que “nenhum português quererá voltar”. Afirmando que, pelo contrário, o PS “é um partido de ação” que quer continuar a “tirar o país da cepa torta”, sendo exemplo, entre outros, como referiu, a revolução que está a acontecer na ferrovia, um pouco por todo o país, designadamente na linha do Minho, entre Viana do Castelo e Valença, um troço “já modernizado, eletrificado e em pleno funcionamento”.
Criticou depois a direita, uma vez mais, por ignorar ostensivamente a questão, não só da ferrovia, mas do transporte público em geral, lamentando que, no programa da AD, não haja qualquer menção, ou uma simples referência que seja. sobre a linha de alta velocidade entre Lisboa, Porto, Braga e Vigo.
Mas se em relação ao transporte coletivo a direita pouco ou nada tem a dizer aos portugueses, também em relação à saúde o cenário se repete e, para além do constante e permanente ataque ao serviço público, a sua única preocupação, segundo o Secretário-Geral do PS, resume-se em querer “desviar recursos do Estado e do SNS para os privados”.
Depois de garantir que o futuro Governo do PS não deixará de avançar com a construção do novo hospital de Barcelos, lembrou que este é mais um exemplo, entre outros, de que “é o PS e não a direita” que se pode orgulhar de construir hospitais públicos. Garantiu, também, que “não deixará de aproveitar a estabilidade financeira e orçamental”, conseguida pelos últimos executivos socialistas, para continuar a avançar, por exemplo, com a “redução do horário semanal de trabalho”, lembrando que a última mudança aconteceu há 26 anos e pela mão de um governo socialista. “Foi o Governo do PS que em 1997 reduziu das 44 horas semanais para as 42, e em 1998 das 42 para as 40”, disse.
Isto mostra, segundo Pedro Nuno Santos, que o PS nunca deixou de estar preocupado com o bem-estar e a qualidade de vida das famílias portuguesas, proporcionando-lhes, sempre que possível, “o máximo de tempo livre para as suas vidas”, persistindo na ideia de que as pessoas “não querem viver para trabalhar, mas trabalhar para poder viver”. Uma tese que justifica a proposta que o PS vai apresentar, de reduzir o horário de trabalho das atuais 40 para 37,5 horas semanais para os “pais com filhos até aos três anos”.
Comemorar Abril com o PS
Antes tinha falado o cabeça de lista socialista por Braga, José Luís Carneiro, que garantiu que a melhor forma de comemorar abril e os cinquenta anos da revolução “é ter o PS à frente dos destinos do país”, apelando à mobilização de todos para que no dia 10 de março, “ninguém se esqueça das conquistas que fomos capazes de fazer ao longo dos últimos 50 anos de democracia”, insistindo que não haverá “melhor forma de comemoramos Abril do que termos o PS à frente do próximo Governo do país”.
Na sua intervenção, o ainda ministro da Administração Interna criticou veementemente a postura da oposição de direita, separando-a, contudo, em dois grupos distintos. Uma que “não apresenta qualquer alternativa consistente” ao programa do PS e que transmite uma imagem que apouca Portugal, e que manifestamente “não queria que tivesse acontecido o 25 de Abril de 1974”, e uma outra que é contra, por exemplo, o aumento do salário mínimo nacional, mas que simultaneamente, de forma inteiramente incoerente, como assinalou, exige maior celeridade na valorização salarial, garantindo, tal como o líder socialista, que a proposta fiscal da AD “iria agravar as desigualdades”.
Lembrou, depois, a todos os que lotaram por completo o Theatro Circo de Braga, que está em curso no distrito “o maior investimento público desde 1976”, estimando que, com as verbas do PRR, esse investimento represente “mais de 842 milhões de euros”, com benefício direto para cerca de duas mil empresas do distrito. O que vem desfazer a ideia, como salientou, “do mito construído pela direita de que as verbas do PRR seriam totalmente absorvidas pelo Estado”.
José Luís Carneiro teve ainda oportunidade para dirigir um pedido ao “futuro primeiro-ministro”, Pedro Nuno Santos, para que o próximo Governo socialista concretize um compromisso para a região: a construção do Hospital de Barcelos com capacidade de cirurgia de ambulatório.
“Gostaria que, contigo como primeiro-ministro, esse compromisso fosse honrado, porque isso faz parte de um objetivo de todo este território”, acrescentou.