Portugal pode ser âncora a ligar Reino Único à Europa
Augusto Santos Silva, que foi ouvido na comissão parlamentar de Assuntos Europeus, destacou a especial relação económica entre os dois países, referindo que a transação de bens e serviços valeu quase 11 mil milhões e euros em 2016, com um saldo comercial superior a 220%, “amplamente favorável a Portugal”.
Ainda em relação a dados do ano passado, salientou, o Reino Unido foi o quarto cliente e o sexto fornecedor de Portugal, sendo o primeiro mercado emissor de turismo para Portugal, o que valeu em 2016 mais de nove milhões de dormidas.
Números que levam o chefe da diplomacia portuguesa a acentuar o especial interesse de Portugal em preservar esta relação privilegiada, em concorrência com a defesa dos direitos dos cerca de 500 mil portugueses que residem no Reino Unido e com a “afinidade atlântica” dos dois países.
“Portugal e o Reino Unido têm a mais velha das alianças bilaterais do mundo”, lembrou, reforçando que “devemos explicar os pontos que podem dar vantagem a Portugal como uma espécie de âncora que ligue bem o Reino Unido à Europa”.
Augusto Santos Silva apontou três exemplos: a “presença muito ativa de estudantes, doutorandos, investigadores, académicos e profissionais qualificados portugueses no Reino Unido”, o projeto Air Center, nos Açores, um centro internacional de investigação atlântica sobre o espaço, clima e oceanos, e que será lançado a 21 de abril, e ainda o projeto de centro de segurança atlântica, que o Governo quer localizar na ilha Terceira.
O ministro defendeu ainda, perante os deputados, que o processo negocial sobre os termos da saída do Reino Unido deve ser concertado de forma a salvaguardar rapidamente os direitos dos cidadãos, contemplando também os contornos da relação futura.
É necessário “criar rapidamente uma atmosfera favorável para atingir um acordo e a única maneira é acordar depressa e bem sobre os direitos dos cidadãos, quer os direitos de residência quer os direitos sociais associados”, advogou, apontando também à necessidade de que ambas as partes sejam “inteiramente inequívocas sobre o seu compromisso em matéria de espaço europeu e, já agora, de espaço transatlântico de segurança e defesa”.