Nesta entrevista conjunta a três órgãos da comunicação social, o primeiro-ministro foi perentório ao garantir que Portugal já “conseguiu virar” mais uma página decisiva no combate à pandemia, mostrando-se convicto de que com a abertura do novo ano escolar, no mês de setembro, os portugueses vão poder assistir de novo ao “arranque geral da sociedade”, um cenário que António Costa considera exequível, lembrando que a pandemia, graças aos bons resultados já obtidos com o processo de vacinação, “começa a estar mais controlada”.
Outro dos instrumentos decisivos para que haja em breve um clima de otimismo renovado na sociedade portuguesa tem a ver, como salientou o primeiro-ministro, com o desenrolar do processo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que Portugal já entregou em Bruxelas e que o primeiro-ministro espera que possa ser aprovado até junho ainda durante a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia.
Depois de mencionar uma vez mais o facto de Portugal ter sido o primeiro país entre os 27 Estados-membros a apresentar em Bruxelas o PRR, António Costa mostrou satisfação por já esta semana “três grandes economias europeias”, francesa, alemã e italiana, terem igualmente apresentado os seus planos de recuperação e resiliência, lembrando que o que está combinado com a Comissão Europeia é que haja um trabalho muito aprofundado, “antes da formalização da apresentação”, com cada um dos estados-membros, permitindo que a Comissão Europeia não “esgote os dois meses que o regulamento lhe concede”, o que abre espaço para que o Ecofin (Conselho de Assuntos Económicos e Financeiros da UE) disponha de mais tempo para poder também fazer a própria apreciação de cada um dos processos.
“Pela nossa parte”, disse ainda o primeiro-ministro, tudo está preparado para fazer chegar ao terreno as verbas do PRR, garantindo que não perspetiva nenhuma dificuldade que possa atrasar e muito menos impedir a aprovação do plano português, lembrando que “todas as despesas realizadas desde fevereiro de 2020 são elegíveis”, e que, por outro lado, como também salientou, porque Portugal aprovou uma norma especial no Orçamento que “permite antecipar a execução de cerca de mil milhões de euros desta primeira tranche do PRR”, possibilitando que o país tenha as condições necessárias para “começar a lançar concursos para projetos e a fazer chegar ao terreno a execução do plano”.
Crise política seria “insanidade total”
Quanto à existência de uma eventual crise política já nas próximas negociações do Orçamento do Estado, o primeiro-ministro afasta o cenário de perturbação, mostrando-se convicto de que “o bem senso imperará” e que só “num grau de insanidade total” é que se encetaria em Portugal uma crise política, pondo em causa que exista no país alguém disposto, “perante uma gravíssima pandemia e uma enorme crise económica de dimensões nunca antes vistas no país”, a “correr o risco de contribuir para uma crise política”, reafirmando que o único cenário que verdadeiramente teme são as consequências das eventuais variantes do vírus da pandemia de Covid-19.
O primeiro-ministro e líder socialista deixou uma vez mais nesta entrevista a garantia de que o Governo está aberto e totalmente disponível para continuar a negociar com o PCP, mas também com o Bloco de Esquerda, que apesar de ter votado contra o anterior OE, como assinalou, “já manifestou interesse em voltar à mesa das negociações com o Governo”.