home

Portugal e Brasil podem liderar aproximação entre UE e Mercosul

Portugal e Brasil podem liderar aproximação entre UE e Mercosul

Para o primeiro-ministro, António Costa, Portugal e Brasil reúnem condições ímpares para, em conjunto, ajudar a uma “maior aproximação” entre os países da União Europeia e os países do Mercosul. Lembrou ainda a luta de Lula da Silva “contra as alterações climáticas” e o seu empenho para evitar a “desflorestação da Amazónia”.

Publicado por:

Acção socialista

Ação Socialista

Órgão Nacional de Imprensa

O «Ação Socialista» é o jornal oficial do Partido Socialista, cuja direção responde perante a Comissão Nacional. Criado em 30 de novembro de 1978, ...

Ver mais

Notícia publicada por:

António Costa e Lula da Silva

Perante os jornalistas, no final dos trabalhos da cimeira que ontem terminou em Bruxelas entre os 27 Estados da UE e os países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), o primeiro-ministro considerou que Portugal e Brasil, pelo profundo conhecimento que ambos têm da realidade política e económica da Europa e da América Latina, estão numa situação privilegiada para, em conjunto, trabalhar com os restantes países de ambos os blocos, a fim de aproximar posições e pontos de vista quanto à estabilização de um acordo que seja vantajoso e que responda aos anseios de ambos os blocos.

Uma aproximação que António Costa defende ter hoje todas as condições para triunfar e para evitar a repetição do acordo comercial falhado de 2019 com a Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela, até pelo facto, como salientou, de que o quadro político do Brasil era diferente na altura, lembrando que o então presidente Jair Bolsonaro fazia questão de anunciar não ter “nenhum compromisso com as alterações climáticas, cuja existência negava”.

Reconhecendo “haver já importantes avanços” entre os vários países do Mercosul quando ao desenho do acordo que pretendem apresentar aos 27 Estados-membros da UE, um acordo que ambos os lados já manifestaram interesse de que esteja concluído e assinado até ao final do ano, altura em que terminará a presidência espanhola da União Europeia, o primeiro-ministro fez questão de lembrar que o protocolo UE-Mercosul “abrange 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial”.

No seu todo, a vasta região que engloba os países da América Latina e Caraíbas é hoje responsável por mais de 50% da biodiversidade do planeta, representa 14% da produção mundial de alimentos e 45% do comércio agroalimentar internacional líquido, sendo ainda, “uma potência” em matéria de energias renováveis, com as fontes alternativas a serem responsáveis por cerca de 60% do cabaz energético da região.

Consenso na condenação da guerra na Ucrânia

O primeiro-ministro teve ainda ocasião de saudar todos os países da Europa e da América Latina que participaram nesta cimeira, também pelo consenso maioritário a que chegaram sobre a guerra na Ucrânia, uma quase unanimidade, apenas não subscrita, como lembrou, “por um único país” e onde foi possível chegar-se a um texto comum onde se manifesta preocupação sobre a guerra, se exige “uma paz justa e duradoura” e se apoia a iniciativa do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para que a Rússia “permita a passagem de cereais no Mar Negro”.

Energia e sustentabilidade

Apesar do largo consenso encontrado, o primeiro-ministro português não deixou, contudo, de reconhecer que durante os trabalhos foi possível verificar, “aqui e ali”, alguns “pontos de vista diferentes”, designadamente em relação à questão da guerra na Ucrânia, cenário que não impediu, como salientou, que no âmbito desta cimeira UE-CELAC a Comissão Europeia tivesse assinado, em nome dos 27 Estados-membros, “dois memorandos de entendimento”, um com o Uruguai sobre transição para as energias limpas, aposta nas energias renováveis, eficiência energética e hidrogénio renovável, e outro com o Chile, para estabelecer uma parceria sobre cadeias de valor em matérias-primas sustentáveis.

Nesta cimeira, como lembrou ainda António Costa, ficou ainda ajustado que os dois blocos vão começar a reunir com mais regularidade, apontando-se para um período de dois em dois anos, com o próximo encontro agendado para a Colômbia em 2025.

ARTIGOS RELACIONADOS