PORTUGAL DOIS ANOS DEPOIS
Sabemos que uma coisa é o tempo registado pelo cronómetro e outra, diferente, a nossa perceção da passagem do tempo. O mesmo tempo pode parecer muito e pode parecer pouquíssimo. Mas isso são outras contas que o tempo psicológico ajuda a explicar. Para a direita, que ainda não digeriu o ter sido afastada do poder e se arrepela com os êxitos da atual governação, dois anos devem parecer uma eternidade. Para o executivo, dois anos representam metade do mandato. O que permite um olhar retrospetivo para avaliar o que foi feito e, simultaneamente, pensar o futuro e definir as prioridades estratégicas para a década.
Em 2015, os portugueses estavam rodeados de austeridade por todos os lados, acabrunhados, mergulhados em dificuldades e dívidas, desalentados, sem confiança no futuro. O risco de desemprego e de perder a casa de família eram então uma espécie de espada de Dâmocles sobre as cabeças de muitos.
Dois anos volvidos e dois orçamentos do Estado sem retificativos e um terceiro em vias de aprovação, é uma evidência que o país mudou. Não obstante os sucessivos maus agoiros do PSD e do CDS, Portugal está melhor. O diabo não veio, não houve descontrolo das contas públicas (bem pelo contrário), o governo tem honrado os compromissos internacionais, cumprido o programa eleitoral do PS e os acordos firmados com os seus parceiros parlamentares. Ao mesmo tempo que as famílias portuguesas recuperaram rendimentos e confiança. Confiança que já John F. Kennedy considerava “a base de um governo eficiente”.
Pela primeira vez, neste século, a economia portuguesa converge com a média europeia. O investimento externo e as exportações crescem substancialmente. A taxa de desemprego situa-se abaixo da média da Zona Euro e a criação de emprego é a mais elevada dos últimos dezanove anos. Foi a nova política de reposição de rendimentos, de incentivo ao investimento e de valorização dos trabalhadores que melhorou a competitividade da economia nacional. E os indicadores de confiança revelam níveis jamais alcançados nas últimas décadas. Estão, pois, de parabéns António Costa e a sua equipa.
Os êxitos do governo são aliás reconhecidos, dentro e fora de portas. A saída do Procedimento por Défice Excessivo e a subida da notação da República Portuguesa comprovam a sustentabilidade da política seguida e a credibilidade granjeada. A dignificação do trabalho, a redução das desigualdades sociais, a valorização dos territórios, a modernização da administração pública, o investimento em serviços públicos de qualidade, representam uma mudança de paradigma.
Confrontado com a tragédia dos incêndios florestais, com tantas vítimas mortais e elevadas perdas patrimoniais, o governo ouviu especialistas e, em diálogo com autarcas e as famílias afetadas, acelerou o processo de reconstrução e restabelecimento da capacidade produtiva dos territórios devastados. E, em simultâneo, tomou medidas preventivas de revitalização do interior e de reordenamento da floresta.
Este é o caminho que devemos seguir para conseguirmos mais crescimento, melhor emprego, mais igualdade. Pensando para lá da atual legislatura, é este o caminho a seguir, procurando ainda fazer mais e melhor. E há dois desafios a merecer muita atenção e criatividade do atual e dos futuros governos: as alterações climáticas e o inverno demográfico. A resposta que for encontrada para estes dois problemas vai ser decisiva para o nosso futuro coletivo.