Portugal disponível para acolher próxima cimeira UE-África
No final de uma reunião dos chefes de diplomacia dos 28, que teve como um dos principais pontos em agenda a preparação do “intenso trabalho” previsto para o próximo ano entre a União Europeia (UE) e a União Africana (UA), “que culminará na realização da cimeira entre as duas organizações internacionais”, Augusto Santos Silva indicou que, apesar de ter ficado acordada na anterior cimeira de Abidjan que a próxima deveria realizar-se daí por três anos (em 2020), está em aberto a possibilidade de a mesma ter lugar no início de 2021, ou seja, na presidência portuguesa do Conselho da UE.
“Eu ainda hoje, na intervenção que fiz, renovei a disponibilidade de Portugal para participar ativamente neste processo, incluindo, se for necessário, a disponibilidade para que a cimeira se realize na presidência portuguesa”, referiu o ministro português, assinalando que “os prazos previstos entre cimeiras não são o único critério ou critério determinante”.
Santos Silva lembrou que a primeira cimeira UE-África teve lugar em 2000, durante uma presidência portuguesa, e a segunda – a primeira em solo europeu – realizou-se em 2007, em Lisboa, novamente durante a presidência portuguesa.
“Basta esse registo para perceber que Portugal tem provas dadas neste domínio”, comentou o governante, realçando, no entanto, que “para Portugal é mais importante a substância da relação da Europa, com África”, do que a data e o local onde a cimeira se venha a realizar.
Apontando que caberá então às partes tomar uma decisão, dentro das próximas semanas e meses, também sobre o formato da mesma, que poderá ser formal, só com os líderes das instituições, ou informal, ao nível de chefes de Estado e de Governo dos Estados-membros de ambas as partes, Santos Silva garantiu que, qualquer que sejam a data e o local escolhidos, Portugal estará “muitíssimo empenhado na realização dessa cimeira e nos seus resultados”.
“Portugal hoje pode estar muito contente pelo facto de já não pertencer ao pequeno grupo de países europeus que sabem que o futuro da Europa depende também da relação com África”, assinalou o chefe da diplomacia portuguesa, declarando ser motivo de satisfação notar “que essa compreensão, pela qual tanto lutamos, faz hoje o consenso absoluto na UE”.
Em matéria de substância, Augusto Santos Silva destacou a necessidade de Europa e África acordarem uma nova estratégia para as suas relações, lembrando que a estratégia conjunta que orienta atualmente a relação foi aprovada durante a última presidência portuguesa da UE, em 2007, “e evidentemente é necessária adaptá-la a um mundo que já não é o de 2007, mas é o de 2019 e 2020”.
“Eu insisti muito, em nome de Portugal, que essa estratégia só terá sentido e só terá vida se for uma estratégia entre as duas organizações, não uma estratégia europeia para África, mas uma estratégia conjunta, conjuntamente preparada pelos países europeus e pelos países africanos”, afirmou.