Portugal deve continuar a afirmar-se como país aberto ao mundo
Lisboa assume-se como cidade global e aberta ao mundo quando abre “as suas portas” e diz que “são todos bem-vindos”, enalteceu o primeiro-ministro, durante a inauguração da nova sede da Casa da América Latina e da UCCLA – União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa.
Na ocasião, António Costa recordou que Portugal, pela geografia, nasceu europeu, mas a vida fez o país global, legado que há “o dever de continuar a acarinhar”.
“Num mundo em que tantos muros se constroem é bom que haja pelo menos uma cidade que abre as suas portas e diz: são todos bem-vindos porque nós queremos continuar a ser uma cidade global e aberta ao mundo”, sublinhou, referindo-se à inauguração à qual presidiu.
E destacou que o nosso país tenha sabido reencontrar-se no espaço europeu, sem nunca ter deixado de ser “aquilo que a história nos legou e que temos o dever de continuar a acarinhar: sermos cidadãos do mundo, sermos um país aberto ao mundo e ter naturalmente uma capital aberta ao mundo”.
A este propósito, António Costa lembrou João Soares quando, como presidente da Câmara de Lisboa, decidiu criar a casa da América Latina e alertou que “a diplomacia das cidades vai ser crescentemente importante”.
“Pela primeira vez na história da humanidade, mais de metade dos seres humanos habitam nas cidades e essa vai ser uma tendência crescente ao longo deste século. E por isso as relações vão ser menos Estado a Estado e cada vez vão ser relações mais de cidade a cidade”, pontualizou.
Construir laços e marcar a diferença
Antes tinha discursado o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, que destacou que instituições como a Casa da América Latina e a UCCLA “estão no centro e podem ter um papel importante na nova geoestratégia e na nova geopolítica do nosso tempo”.
Até porque, declarou, “o desenvolvimento do projeto europeu mostrou limitações que, há 20 anos, não se antecipavam”, e a valorização de outros espaços de identidade e de afirmação própria” se tornaram, também por isso, uma constante.
O autarca socialista lembrou ainda que Lisboa será a Capital Iberoamericana da Cultura, em 2017.
“Não é por acaso”, disse, apontando um contexto mundial no qual “assistimos a discursos e a um regresso de políticas de intolerância, de segregação, de separação como há muito não víamos”
“Estes laços que estamos a construir em conjunto podem marcar tanta diferença”, concluiu Fernando Medina.
Entretanto, foi inaugurada na nova sede da Casa da América Latina, a exposição “[Co]Habitar”, que reúne um conjunto de obras das artistas Lia Chaia e Andrea Brandão, estando patente até janeiro de 2017.
O edifício, recentemente renovado, foi, no século XVIII, um armazém dos bergantins e galeotas reais, herdando daí a denominação de “Casa das Galeotas”.