Portugal cresce 2,7% em 2017, maior crescimento real deste século
António Costa, face aos números hoje divulgados pelo INE, afirmou que “o ano de 2017 registou um crescimento económico de 2,7%, um crescimento acima da média Zona Euro e da própria União Europeia, e que não só constitui o maior crescimento real deste século” e que no emprego “este foi o maior crescimento num só ano desde que o INE tem registos” e que “Portugal foi o 3º país da União Europeia que mais diminuiu o desemprego nos últimos dois anos”.
Leia aqui a sua intervenção na íntegra:
Tivemos hoje boas notícias sobre Portugal. O ano de 2017 registou um crescimento económico de 2,7%, um crescimento acima da média Zona Euro e da própria União Europeia, e que não só constitui o maior crescimento real deste século, como ainda recoloca o país, em convergência real com a Europa, pela primeira vez, desde a adesão ao euro.
Trata-se de um crescimento mais saudável, alicerçado no investimento e nas exportações.
As exportações de bens cresceram mais de 10% em 2017, com especial destaque para a indústria, cujas exportações cresceram 14,7%.
Portugal ganhou quota de mercado em muitos países, e em particular em países com procuras sofisticadas, mostrando que é o melhor desempenho das empresas, e não só a melhoria da situação externa, como alguns querem fazer crer, que justifica este incremento das exportações.
Os dados de que dispomos para o investimento mostram também um forte crescimento, estimando-se um aumento de 5,5% do investimento empresarial no conjunto do ano, com o IDE a subir 7%.
Mas este crescimento é sobretudo saudável porque se traduz na melhoria da vida dos portugueses.
Dos portugueses em geral, que depois de terem recuperado salários e pensões cortadas, já beneficiam de 6,2% do aumento do seu rendimento liquido.
Dos 288.000 portugueses que encontraram emprego. Dos 80.000 portugueses que se libertaram do risco de pobreza, logo em 2016.
No emprego, este foi o maior crescimento num só ano desde que o INE tem registo, e Portugal foi o 3º país da União Europeia que mais diminuiu o desemprego nos últimos dois anos.
Não tivemos apenas mais, tivemos também melhor emprego. Com efeito, 78% do emprego por conta de outrem criado nos últimos dois anos corresponde a contratos sem termo. Valor que sobe para 85% se considerarmos apenas 2017.
Mas sabemos que só continuaremos a ter mais crescimento e melhor emprego se conseguirmos reduzir aquele que é verdadeiramente o nosso maior défice: o défice das qualificações.
A melhoria das qualificações é simultaneamente condição de redução de desigualdades, oportunidade de melhor emprego e essencial a um modelo de desenvolvimento assente na inovação.
Daí a importância extraordinária de dois dados conhecidos na passada semana:
Primeiro, registámos uma significativa melhoria na taxa de abandono escolar precoce, que há uma década era de 36,5% e em 2017 baixou para 12,6%, colocando-nos já próximos da meta de 10% fixada para 2020.
Por outro lado, assistiu-se igualmente a uma redução da percentagem de jovens “nem-nem”, os jovens com idades entre 15 e 34 anos que não estudam nem trabalham, que baixou de 13,9 para 11,9%, em 2017.
Os factos vão reforçando a certeza de que a estratégia que esta maioria seguiu era, e é, a estratégia certa. O país prosperou e tem hoje mais crescimento, melhor emprego e maior igualdade, com finanças públicas equilibradas e sem desvios aos compromissos assumidos perante os portugueses e as instituições internacionais.
Factos são factos e não há preconceito ideológico que os possa contradizer.
Senhor Presidente
Senhoras e Senhores Deputados
Ao Governo cabe definir e executar as políticas públicas que ultrapassem os nossos bloqueios e melhorem a vida dos cidadãos. Mas cabe também desenhar a estratégia de médio e longo prazo que prepare o país para os múltiplos desafios do futuro.
A sustentabilidade do crescimento económico perante os desafios do século XXI exige que prossigamos de forma persistente a aposta na inovação como motor do nosso desenvolvimento.
Esta agenda tem como desígnio convergir para a Europa do conhecimento até 2030, assumindo 3 prioridades: reforçar a capacidade de I&D; apostar na inovação empresarial; assegurar a qualificação dos Recursos Humanos.
Para isso, o Governo aprovará no Conselho de Ministros de amanhã:
⎯Uma nova estratégia de inovação para Portugal 2018-2030, com metas claras:
– atingir um investimento global em I&D de 3% até 2030, dos quais dois terços corresponda a despesa privada.
– democratizar o acesso ao ensino superior, alcançando-se níveis de participação na ordem dos 60%, entre os jovens de 20 anos, e alargar para 50% o número de graduados na faixa etária dos 30-34 anos.
⎯O Programa “GoPortugal que inclui o apoio a novos acordos de colaboração entre Portugal e a Carnegie Mellon University (CMU), o Massachusetts Institute of Technology (MIT), a Universidade do Texas em Austin (UT Austin), a Sociedade Fraunhofer (FhG);
⎯Uma nova “Lei da Ciência”, para modernizar o regime jurídico das instituições que se dedicam à investigação científica e desenvolvimento tecnológico, reforçando as condições de emprego científico e qualificado e alargando e diversificando a estrutura institucional de modo a aproximar a comunidade científica da sociedade e economia;
A segunda prioridade é a de melhorar o quadro de transferência e absorção do conhecimento por parte das empresas, promover a transformação estrutural, por via do Investimento Direto Estrangeiro e do empreendedorismo, e qualificar o tecido empresarial, continuando sempre a apostar na internacionalização da economia.
⎯ Nesse sentido, aprovamos amanhã a constituição dos primeiros 6 Laboratórios Colaborativos, associando instituições científicas e académicas ao setor produtivo, como previsto no âmbito do Programa Interface, privilegiando áreas diretamente associadas à valorização de recursos endógenos: i) floresta; ii) interações atlânticas; iii) as culturas de montanha; iv) a Vinha e vinho no Douro; v) valorização de algas no Algarve; a que acresce a resposta ao desafio global da transformação digital na indústria.
⎯ Por outro lado, lançaremos também amanhã em parceria com Instituto Fraunhoffer um novo centro tecnológico, sobre agricultura de precisão, com dois polos, na UTAD e na Universidade de Évora.
Por fim, para um modelo de desenvolvimento assente na inovação há uma condição de partida essencial: as qualificações dos recursos humanos. Assegurar as qualificações adequadas implica, por um lado, continuar a reduzir o insucesso e abandono escolares e apostar na recuperação do défice de qualificações da nossa população ativa, mas obriga-nos também a apostar na formação avançada e na formação técnica especializada de nível superior. Nesta área, aprovaremos amanhã:
⎯ Reforço da Iniciativa Nacional Competências Digitais, INcoDe2030;
⎯Modernização do regime jurídico de graus e diplomas de Universidades e Politécnicos, correspondendo às recomendações da OCDE;
⎯Reconhecimento de graus académicos e outras habilitações atribuídas por instituições de ensino superior estrangeiras, favorecendo a atração de mão de obra qualificada para Portugal;
Senhor Presidente
Senhoras e Senhores Deputados
Se queremos continuar a criar mais e melhor emprego.
Se queremos uma década de convergência sustentada com a União Europeia.
Se queremos aumentar o peso das nossas exportações para 50% do PIB.
Se queremos uma sociedade mais inclusiva, com serviços públicos de maior qualidade e finanças públicas sãs.
Temos de uma vez por todas de nos mobilizar determinada, persistente e continuadamente para construir uma sociedade do conhecimento e uma economia da inovação.
Fazer diferente, fazer melhor para termos mais crescimento, melhor emprego e maior igualdade.