Pobreza aumentou entre os trabalhadores
A Cáritas Europa considera, neste documento, ser “importante enfatizar que a pobreza no trabalho se tornou um problema transversal às pessoas das mais variadas habilitações e idades”.
O documento sobre Portugal retoma os dados da Comissão Europeia (Eurostat) e do INE já publicados. Lembrando por exemplo que a pobreza dos trabalhadores aumentou de 9,7% para 10,5% entre 2010 e 2013; que mais de 42% das pessoas desempregadas não conseguiam, em 2013, assegurar o pagamento imediato de bens necessários; ou ainda que o risco de pobreza subiu entre 2012 e 2013, porque o número de casais desempregados aumentou exponencialmente, ao passar de 1530 para 12.065 em apenas três anos (entre 2010 e 2013).
Pessoas da classe média desempregadas há mais de cinco anos; pessoas com trabalho mas a ganhar menos do que precisam; jovens com muita pouca ou nenhuma perspetiva de futuro nas zonas rurais. Nestes casos, mesmo passado o pior da crise, é fácil resvalar para a “armadilha da pobreza”, como refere o secretário-geral da Cáritas Europa, Jorge Mayer.
O relatório refere também que o desemprego de longa duração, que já existia, atinge agora mais gente e de uma forma mais profunda. Um fenómeno que está a colocar as famílias de classe média numa situação mais frágil, caindo na pobreza.
Jorge Mayer enfatiza que estes dados demonstram a necessidade de uma nova estratégia de combate à pobreza, que retome as políticas de proteção social.
E sobretudo, acrescenta, que se dedique especial atenção não apenas aos impactos sociais associados ao flagelo do desemprego, mas também ao crescente risco de pobreza entre os trabalhadores no ativo.
O aumento do salário mínimo nacional, que este ano abrangerá 650 mil trabalhadores, e a proposta de um complemento salarial anual, para proteger os trabalhadores com mais baixos rendimentos, propostas socialistas para a recuperação de rendimentos dos portugueses, serão um sinal positivo nesse sentido.