Plano Nacional de Energia e Clima prevê que potência fotovoltaica e eólica aumentem
Numa entrevista ao jornal Expresso, o Secretário de Estado da Energia, João Galamba, confirmou: o Governo português enviará nos próximos dias à Comissão Europeia a versão preliminar do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) para 2030. O documento espelha a vontade do Executivo de dar um forte impulso à energia solar foto- voltaica: a capacidade instalada em Portugal deverá saltar dos atuais 590 Megawatts (MW) para 6600 MW em 2030. Um crescimneto de 1018%.
Esta ‘explosão’ fotovoltaica poderá implicar um investimento em novas centrais de cerca de €4 mil milhões, considerando os custos atuais de instalação deste tipo de uni- dades de produção. Mas não haverá apenas crescimento solar. Também a capacidade eólica deverá passar dos atuais 5346 MW para mais de 8500 MW, prevê o PNEC, segundo os dados avançados ao Expresso pelo secretário de Estado da Energia, João Galamba.
“Nós partimos de uma meta de incorporação de renováveis de 31% para 2020, que cumpriremos, e os objetivos para 2030 são 47% de incorporação de renováveis no consumo final bruto de energia. É uma meta ambiciosa”, disse João Galamba. Aquela incorporação no consumo global de energia implicará ter mais de 80% de renováveis no sistema elétrico. O governante acredita que o sistema elétrico será sus- tentável e seguro, apesar da intermitência associada às renováveis. E apesar de estar previsto o fim das centrais a carvão antes de 2030. “Temos capacidade de armazenamento das barragens com centrais de bombagem, que deve ser otimizada. É importante não esquecer que o reforço fotovoltaico torna o sistema mais robusto, porque passaremos a ter três tecnologias renováveis (hídrica, solar e eólica) que não produzem todas à mesma hora nem da mesma maneira. A complementaridade destas três tecnologias reforça o sis- tema. Temos também o reforço das interligações não só de Portugal com Espanha mas também da Península Ibérica com França e, esperamos nós, a interligação marítima com Marrocos”, frisa o secretário de Estado da Energia.
Para concretizar o reforço de renováveis, sobretudo solar e eólica, o Governo vai avançar com leilões anuais de nova capacidade. Estes leilões permiti- rão dar uma tarifa (e, portanto, viabilizar financeiramente os projetos) aos promotores que ainda não construíram as no- vas centrais. Segundo João Galamba, estão em licenciamento 2930 MW de novas centrais, que poderão participar nos lei- lões. Há ainda 1177 MW já licenciados mas não construídos, que também poderão aceder aos leilões, em condições dis- tintas. E há outros 556 MW de projetos de renováveis que já pagaram cauções mas aguardam licenças.
No plano do Governo para 2030, a energia solar deverá representar 31% a 35% da capacidade instalada de base reonovável.
Entrevista de João Galamba ao Jornal Expresso