Plano de vacinação decorre dentro do previsto e mantém objetivos definidos
O plano de vacinação contra a covid-19 “está a decorrer dentro do previsto” já com várias categorias da primeira fase “cobertas a 100%”. A garantia foi ontem deixada no Parlamento pelo primeiro-ministro, que adiantou ainda que Portugal mantém o objetivo de vacinar, até ao final deste mês de março, 80% da população com mais de 80 anos.
Apesar da recente suspensão “por precaução” da vacina da AstraZeneca, uma interrupção que seguiu o exemplo de outros países europeus, Portugal mantém intactas “as metas do seu programa de vacinação”, garantiu o primeiro-ministro ontem na Assembleia da República durante o debate sobre política geral, reafirmando que o plano de vacinação nacional vai prosseguir, “naturalmente agora sujeito a ajustamentos”, como será o caso do adiamento da vacinação ao pessoal docente.
Nesta sua intervenção no Parlamento, o primeiro-ministro voltou a garantir que é com “muita honra” que desempenha as suas atuais funções políticas, numa altura, como salientou, em que o país vive imerso desde há um ano numa crise de saúde pública com profundas repercussões económicas e sociais, algo que “nenhum de nós algum dia poderia imaginar”, lembrando, contudo, que, apesar deste quadro pouco favorável e do “tempo imenso” em que os portugueses têm vivido em estado de emergência, nunca em momento algum houve o mais pequeno desvio ou “ataque às liberdades fundamentais”.
De acordo com António Costa, um dos indicadores positivos passíveis de serem descortinados, por entre os problemas abertos pela crise pandémica, é-nos trazido pela economia, sustentando o primeiro-ministro que o “músculo” que o Estado português tem revelado na resposta à crise resulta, em grande medida, da “gestão orçamental rigorosa” que foi feita nos últimos cinco anos, mas também da criação de emprego que tem permitido “reforçar a sustentabilidade da Segurança Social, que ganhou 22 anos de solidez ao longo da última legislatura”.
Papel do Estado Social
Neste debate parlamentar, o primeiro-ministro e líder socialista tinha já enaltecido o papel determinante do Estado Social no combate à pandemia, socorrendo-se, designadamente, da tese que usou numa recente entrevista, quando declarou que esta crise “foi o maior atestado de falhanço das visões neoliberais”, comentando, a este propósito, que o conceito de ‘neoliberalismo’ é “uma forma delicada” para não chamar “arqueólogos àqueles que foram, no final do século XX, desenterrar as ideias que tinham sido devidamente enterradas no início do seculo XX”.
Lamentou depois a confusão que reina nos partidos da direita, ironizando que uma das situações “mais curiosas” em todo este debate sobre a pandemia é ver a “tonalidade dos diferentes derivados da direita relativamente à matéria do confinamento”, que vai, como salientou, daqueles que “fechavam mais, àqueles que abriam tudo, passando pelos que abriam quase tudo, até àqueles que prudentemente falam de outros temas que é para irem passando pelos pingos da chuva a ver se ninguém lhes pergunta o que é que verdadeiramente fariam em caso de necessidade”.
Ultrapassada a discussão sobre este cenário indistinto defendido pelos partidos da direita em relação ao confinamento, o primeiro-ministro fez questão de concentrar a atenção no que designou ser o “enorme consenso” que existe na sociedade portuguesa.
“Mais do que o lado negativo” defendido pelos partidos da direita, António Costa valorizou, “no momento mais dramático que alguma vez nós vivemos e que nunca imaginámos sequer poder viver”, o papel determinante desempenhado nesta crise pelo SNS, pela escola pública e pela Segurança Social, “que é suportada pelas nossas contribuições e onde todos aqueles que se viram aflitos encontraram o seu apoio”.
Para António Costa, o que a realidade indubitavelmente mostra é o papel determinante desempenhado pelo Estado Social que representa uma “enorme mais valia para o futuro de todos”, reafirmando que aqueles que defendem este modelo de sociedade e que sabem que para ele poder existir “é preciso pagar impostos”, cada um “em função da sua capacidade contributiva”, são os vencedores e os que saíram reforçados desta crise, enquanto os que pensam o contrário são os que “saem derrotados do debate ao longo deste ano”.