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Pensar adiante | Mulheres

Pensar adiante | Mulheres

Uma célebre série da BBC designou o século passado como o século do povo. O atual bem pode vir a ser conhecido como o século das mulheres.
PS quer comissão técnica com especialistas “realmente independentes”

Os sinais estão aí. Declínio do masculino, conhecido como processo de feminização; crescente ativismo das mulheres contra as muitas formas de discriminação que ainda persistem.

A subjugação das mulheres pelos homens é uma constante da história e está presente em praticamente todas as culturas. Basta pensar como a generalidades das práticas religiosas reduzem as mulheres a papéis secundários e lhes impõem comportamentos de submissão. Ou, como só recentemente, e parcialmente, as mulheres adquiriram o direito ao voto, ao ensino, ao emprego.

Mesmo no ocidente, civilizado, a discriminação continua a ser uma realidade. As mulheres, para o mesmo trabalho, ganham menos do que os homens; persiste um grande desequilíbrio a nível de quadros, nas empresas e nas instituições, incluindo a política. As mulheres são cerca de 52% da nossa população mas, no Parlamento português, representam 34% dos deputados. Neste caso, o nosso país nem está muito mal colocado já que a média europeia é de 25%. Como curiosidade diga-se que o Ruanda é o país que tem a maior percentagem de mulheres no seu parlamento: 56,3%. O Brasil só tem 8,6%. Estamos a ver o resultado.

O papel das mulheres, em qualquer setor, é genericamente positivo. Não são necessários grandes estudos ou argumentos genéticos. Bastam alguns dados que escolhi entre tantos. Em Portugal 40% dos condutores são do sexo feminino, mas só contribuem com cerca de 20% dos acidentes rodoviários. 90% dos presos na Europa são do sexo masculino. Outra curiosidade significativa. Todos os ditadores conhecidos foram e são homens, sem exceção. Uma mulher nunca realizou um golpe para derrubar um governo democraticamente eleito.

As mulheres tendem a ser menos agressivas, ativamente apaziguadoras de conflitos, mais conscientes do valor da vida humana. 

A estas características junta-se uma outra fundamental. A taxa de sucesso escolar é consideravelmente superior nas raparigas. O que significa que a prazo vamos ter muito mais mulheres capacitadas do que homens. 

É certo que existe um problema sério na tão decisiva área das tecnologias da informação. Deve-se à conjugação de dois fatores. Menor motivação feminina para este tipo de conhecimento e habitual discriminação. Resultado, o nosso setor TIC só emprega 14% de mulheres. Mas trata-se de uma questão cultural. Aliás, é uma mulher o primeiro programador de computadores da história, Ada Lovelace, 1815–1852.

A crescente presença feminina em todos os setores da atividade e sobretudo no mundo das novas tecnologias desencadeará o interesse das jovens. Espera-se que, entre tanta outra coisa, contribua para minimizar os imbecis jogos de guerra que hoje dominam o mercado.

Como homem não me preocupa o avanço das mulheres na sociedade. Pelo contrário. Numa perspetiva de futuro, devemos pensar-nos como espécie, como um todo que habita um planeta singular que nos foi legado. Nesse domínio, os homens têm sido claramente incompetentes e nefastos. Espero que as mulheres consigam fazer melhor.