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Pensar adiante | Cidades

Pensar adiante | Cidades

As cidades são o centro e o motor do desenvolvimento humano. É nelas que se concentram a criatividade, a inovação cultural, científica e tecnológica, os maiores níveis de bem-estar e de realização do potencial humano. Mas a dinâmica das cidades é, por outro lado, um insaciável sorvedor de recursos naturais, com a inevitável devastação do meio ambiente, aumento da poluição e aquecimento global, mas também de conflitualidade social, perda de tempo, falta de mobilidade, enfim, todo o inferno que se conhece sobretudo nas grandes cidades.
Orçamento é de “consolidação” e de “autonomia estratégica”

As cidades devem tornar-se eco cidades, gerando a sua própria energia, criando a sua própria agricultura, repondo o equilíbrio ambiental através, por exemplo, da já implementada política dos “telhados verdes”, entre outras soluções mais amigas da natureza.

As tecnologias estão aí. Falta vontade política e a sempre lenta e difícil mudança de mentalidades. A hidroponia, por exemplo, ou agricultura sem terra, permite cultivar a maioria dos vegetais em qualquer espaço. Há quem tenha as suas hortas na varanda, em qualquer parte da casa ou no telhado. Algumas estruturas, mais sofisticadas, começam entretanto a aparecer. São as chamadas quintas verticais. Uma das maiores fica na cidade de Quito no Japão. Produz 30.000 alfaces por dia, todos os dias, sem problemas com a meteorologia. 

A generalização destas práticas permitiria libertar muito território para a vida selvagem, ajudar a limpar o ar dos meios urbanos, e, acima de tudo, poupar no consumo energético gasto nos transportes. Não é razoável que uma papaia tenha de andar milhares de quilómetros para chegar até mim. Quanto custa ao ambiente uma tal viagem?

A quantidade de energia gasta desnecessariamente é aliás descomunal. Daí as soluções de produção local. Uma casa, apartamento ou pequenos aglomerados podem perfeitamente gerar, de forma limpa, toda a energia de que precisam. A disseminação deste modelo tem sido dificultada devido à oposição das grandes empresas produtoras de energia, quase toda pouco limpa e, como se sabe, com um custo para o consumidor altamente especulativo. O problema é portanto político, não é tecnológico.

Alimentação e energia são só dois exemplos das mudanças que se estão a operar nas cidades do ponto de vista da sua sustentabilidade. Existem outros aspetos não menos relevantes.

O da mobilidade é maior. Porque implica um enorme desperdício de energia e tempo, afetando a qualidade de vida dos cidadãos. Algumas soluções têm sido tentadas para reduzir o uso do veículo automóvel, mas à medida que as cidades crescem este tipo de políticas estará sempre um passo atrás da realidade. 

Mais do que reduzir repressivamente a circulação automóvel, seria necessário pensar a cidade como um vasto e complexo sistema onde tudo se liga a tudo. Integração é por isso a palavra-chave. Transportes públicos e particulares, serviços públicos e áreas comerciais, abastecimento de energia e de alimentos, zonas de lazer e de trabalho, e tanta coisa mais que faz uma cidade, têm de se constituir como uma rede de fácil e rápida conetividade.

Os desafios que se colocam às cidades são portanto já hoje gigantescos. Mas o futuro promete mais. Em 2040 dois terços da humanidade viverá em cidades.