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Opinião: Mais emprego, menos notícias

Embora nenhum jornal português, nem mesmo económico, tenha arranjado sequer um cantinho na primeira página para dar esta notícia, o INE divulgou esta semana dados muito importantes sobre o emprego – o problema que mais preocupa os portugueses. Os dados anunciados revelam que a taxa de desemprego caiu no 2.º trimestre deste ano para 10,8%, o valor mais baixo registado em toda a atual série estatística, iniciada no 1.º trimestre de 2011. Dito de outra forma: para encontrar uma taxa de desemprego tão baixa é preciso recuar ao tempo em que Portugal era governado por outro Governo socialista. O facto é ainda mais de salientar porque esta redução traduz não apenas uma expressiva diminuição (de 1,6 p.p.) face ao trimestre anterior (que beneficia do efeito sazonal), mas também uma redução de 1,1 p.p. em comparação com o trimestre homólogo (onde já não releva a sazonalidade). E também no número de desempregados, que baixou para 559 mil, se registou uma importante redução de 61 mil face ao trimestre homólogo.

Nada disto teria grande significado se, como sucedeu nos últimos anos, a redução da taxa de desemprego tivesse ocorrido a par da destruição líquida de emprego, ou seja, se fosse suportada apenas pela redução da população ativa em consequência da emigração e do aumento dos chamados “desencorajados”, abatidos às estatísticas por já nem procurarem emprego. Desta vez, felizmente, acontece o contrário: os dados oficiais do INE revelam que a economia está a criar emprego em termos líquidos. Na verdade, o número de pessoas com emprego ascende agora a 4,602 milhões, o que significa um aumento de quase 90 mil face ao trimestre anterior e de 21 mil face ao trimestre homólogo (interrompe-se, assim, a trajetória de decréscimo no volume total de emprego registada nos últimos três trimestres e iniciada ainda na vigência do Governo de Passos Coelho).

Se confrontarmos os dados agora divulgados com os deixados pelo Governo PSD/CDS no 4.º trimestre de 2015 (cuja responsabilidade é ainda predominantemente da Direita, já que a tomada de posse de António Costa apenas ocorreu em 26 de novembro), verifica-se que em apenas dois trimestres de Governo socialista a taxa de desemprego caiu de 12,4% para 10,8%, o número de desempregados diminuiu em 87 mil (de 633 mil para 559 mil) e, mais importante, o número de pessoas com emprego aumentou em 41 mil (de 4,561 milhões para 4,602 milhões).

É certo, a comparação de resultados entre trimestres diferentes (neste caso, o 4.º de 2015 face ao 2.º de 2016) pode ser enganadora. Para uma avaliação mais exata entre o antes e o depois será mais rigoroso utilizar não os dados trimestrais, sujeitos às oscilações sazonais, mas sim as estimativas mensais igualmente divulgadas pelo INE, que são já corrigidas da sazonalidade.
Acontece que também com essa metodologia os resultados são inequivocamente favoráveis ao Governo de António Costa. De facto, se compararmos os dados mensais de novembro de 2015 com os últimos dados oficiais (provisórios) conhecidos, do passado mês de junho, verifica-se que, em apenas sete meses, a taxa de desemprego baixou de 12,2% para 11,2%, o número de desempregados baixou em 58 mil (de 626 para 568 mil) e, mais importante, o número de pessoas com emprego aumentou de 4,500 milhões para 4,532 milhões. Em suma, há agora mais 32 mil pessoas com emprego do que havia quando a Direita deixou de governar.

Os números falam por si. A única dúvida que fica é esta: nada disto é notícia?

(In Jornal de Notícias)