Numa reação preocupada ao enorme aparato policial que agiu, esta quinta-feira, numa zona lisboeta onde moram e trabalham muitos imigrantes e que originou a circulação de imagens nas redes sociais em que se vislumbram dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia, o Secretário-Geral do PS teceu duras críticas à ação do executivo de direita e também à direção da PSP.
Falando aos jornalistas, no Parlamento, o líder do PS considerou ser este o “Governo mais extremista das últimas décadas da democracia portuguesa”, sustentando que a ação policial no Martim Moniz “não tem nada que ver com segurança, como aliás o próprio primeiro-ministro assumiu, mas sim com perceções”.
“Sinto-me triste, envergonhado enquanto político e revoltado com o Governo do nosso país, mas também com a direção nacional da PSP”, afirmou Pedro Nuno Santos, exigindo imediatas explicações sobre os fundamentos desta operação, sobre a qual há, frisou, “fundadas razões para haver dúvidas sobre a sua legalidade”.
Enfatizando ser preciso “um Governo concentrado em dar respostas aos problemas reais dos portugueses e não aos imaginários”, o Secretário-Geral do PS deixou um sério aviso.
“Se uma cultura repressiva e intimidatória se instala em Portugal, hoje são os imigrantes, amanhã são os portugueses todos”, alertou, responsabilizando o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, porque, no tema da segurança, “têm sido oportunistas e irresponsáveis, alimentando um clima de divisão e de ódio”.
“Os problemas de segurança não se resolvem com discursos incendiários e oportunistas”, condenou o líder socialista, sustentando que esta ação no Martim Moniz “não faz nada pela sensação de segurança, antes pelo contrário”.
Pedro Nuno Santos defendeu, assim, que Portugal tem a obrigação de respeitar quem trabalha e criticou este “espetáculo degradante e deprimente”, considerando “inimaginável que uma tal operação acontecesse noutras zonas de Lisboa ou do país”.
Reiterando que o Governo tem incorporado a agenda da extrema-direita na sua ação, Pedro Nuno Santos concluiu que os lamentáveis acontecimentos de ontem e as decorrentes declarações do chefe do executivo “corroboram que há instrumentalização das forças de segurança”, avisando que “há um limite que foi ultrapassado”.