Um dos temas em pauta no encontro prendeu-se com a medida de devolução das propinas, que o ainda Governo PSD/CDS deu sinais de que iria suspender, com o líder socialista a considerar que essa suspensão colocaria Portugal em contraciclo com os restantes países da União Europeia (UE).
“Nós estamos em contraciclo com aquilo que acontece em muitos países da União Europeia. Em vez de estarmos a aliviar os custos com a frequência de ensino superior, nós estamos a sobrecarregar”, sustentou, notando que “as angústias” dos estudantes relativamente ao futuro “começam ainda na universidade”
Pedro Nuno Santos anteviu, a propósito, que na campanha eleitoral que se avizinha, “porventura, a AD mudará a sua posição sobre o tema”. “A verdade é que aquilo que sabemos ao dia de hoje é que ainda não abriram as candidaturas para a devolução das propinas e o ano passado elas tinham aberto a cerca de 22 de fevereiro”, observou.
O Secretário-geral do PS foi claro ao reconhecer que o “discurso político” tem falhado sistematicamente nas razões sobre as quais os jovens qualificados não conseguem ficar a viver e a trabalhar em Portugal, apontando à necessidade de transformar uma economia de “baixos salários”, que “não consegue oferecer as saídas profissionais, para as quais os jovens portugueses se qualificaram”.
“Temos uma economia muito pouco sofisticada. Enquanto nós não conseguirmos transformar a economia portuguesa, nós não vamos conseguir reter jovens. Nós somos um país que, felizmente, hoje consegue formar muitos engenheiros, mas a verdade é que nós não temos uma economia capaz de os absorver”, disse.
Também o tema da falta de habitação mereceu de Pedro Nuno Santos uma atenção especial, sublinhando que “é dos mais graves problemas” que os estudantes enfrentam.
“Nós, já na oposição, ainda conseguimos alargar o apoio ao alojamento para jovens de famílias que estavam fora desse apoio. Alargámos até ao quinto, sexto escalão, mas é uma gota de água no contributo para um problema que é muito mais profundo. Com o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] assumiu-se o compromisso de duplicar o número de camas, que estavam em 15 mil, para cerca de 26/30 mil neste número, até 2026 ou até 2030”, vincou.
No encontro, que decorreu na sede nacional, em Lisboa, e no qual Pedro Nuno Santos esteve acompanhado por Miguel Costa Matos, coordenador do Programa Eleitoral que o PS apresentará às Eleições Legislativas de 18 de maio, participaram as Associações Académicas das universidades de Lisboa, Algarve, Évora, Aveiro, Beira Interior e do Minho, as Federações Académicas de Lisboa, do Porto e de Coimbra, e a Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico.