Perante centenas de militantes e simpatizantes, Pedro Nuno Santos deixou claro que “Portugal inteiro” não é apenas um ‘slogan’, mas uma forma de o PS olhar para o país, “com consideração e valorização de quem cá está, de quem cá ficou a trabalhar”.
“Com respeito por vocês, mas não é só isso, é muito mais do que isso: é olharmos para o interior como uma oportunidade para Portugal inteiro”, sublinhou, afiançando que o Partido Socialista “nunca desistiu nem desistirá do interior”, estando determinado em “aproveitar a plenitude” do território nacional.
Neste sentido, Pedro Nuno Santos destacou que Bragança é um exemplo das potencialidades do interior, referindo-se em particular ao seu instituto politécnico que, apontou, “é pioneiro em Portugal e no mundo”.
Trata-se, disse, de “um exemplo que nós temos de multiplicar pelo país, mas intensificar em Bragança”.
De seguida, avisou que o grande desafio da campanha eleitoral em curso passa por explicar às pessoas que não se pode “trocar o certo pelo duvidoso”.
“Temos de segurar o que conquistámos, não podemos deixar que destruam o que conseguimos”, apelou, frisando que o PS quer avançar rumo ao futuro, sem retrocessos.
Neste ponto, Pedro Nuno Santos destacou as diferenças substanciais entre o projeto que o PS tem para o país e as propostas da direita encabeçada pela AD.
O líder socialista principiou com um inequívoco “nós somos diferentes deles”, para de seguida evidenciar que a governação socialista sempre foi “para todos e não para uma elite”.
“Temos orgulho no que conquistámos, temos resultados para apresentar e orgulho neles”, atirou, ressalvando, porém, que em Portugal “há muito ainda por fazer” e que “nem tudo está bem”.
Salientou igualmente que os socialistas não pertencem a “um tempo em que alguns rostos do passado, que agora aparecem em campanha, encerravam linhas de caminho-de-ferro”.
E assegurou reiteradamente que o PS olha para o interior com “respeito e como uma oportunidade de desenvolvimento”, responsabilizando a anterior governação de direita pelo abandono dos territórios do interior, quando, lembrou, “não tiveram pejo nem hesitaram em introduzir portagens nas SCUT”.
“Para nós era claro, era de elementar justiça do país perante o interior, que fossemos reduzindo e fomos reduzindo”.
“E eu tive a oportunidade de dizer, no Porto, que não íamos só reduzir as portagens no interior, mas que íamos mesmo eliminá-las”, frisou.
Mais adiante na sua intervenção, o Secretário-Geral do PS reforçou a ideia de que o principal adversário de direita apresenta um programa económico que constitui uma autêntica “aventura fiscal”, com um “rombo nas contas públicas de 24,5 mil milhões”, o que, por si só, disse, “representa mais do que um Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que são “creches, centros e saúde, estradas e comboios”.
No entanto, pautou, apesar de estar disponível “para um rombo nas contas públicas que terá consequências no Estado social e no desenvolvimento de Portugal”, a direita diz que os “cerca de 150 milhões de euros, que é aquilo que se perde com a eliminação das portagens, é muito”.
“Eles têm é as prioridades erradas. Eles estão sempre é a puxar para os de cima e para uma minoria” criticou, garantindo que “o PS olha para o país todo com responsabilidade”.
Ainda no âmbito da distinção entre a forma de governar do PS e da AD, Pedro Nuno Santos afirmou que os socialistas são “pessoas comuns, disponíveis a ouvir os outros e a governar com os outros, escutando os seus problemas”.
“O PS tem respeito pelos direitos conquistados”, frisou, lembrando que a proposta socialista é de ação e de avanço, “com os olhos postos no futuro”.
“Nós não queremos rostos do passado nem agendas do passado”, avisou, lamentando que haja por estes dias “quem agora tente dar lições sobre como governar, quando no passado desistiu do interior”.
“Nós lembramo-nos de um tempo em que o PSD, a Aliança Democrática, a direita coligada, desistiu do interior”, lembrou, garantindo que com o PS na governação não será dado “nem um passo atrás”, serão protegidos os direitos conquistados e as soluções a implementar terão como objetivo o avanço de todos, sem deixar ninguém para trás.
Às gentes do interior, voltou a falar no choque salarial do PS, na fixação de quadros qualificados, na valorização do território com investimentos nos recursos endógenos de todas as regiões e no trabalho conjunto com o setor empresarial instalado, em prol de uma educação e formação para o crescimento integral do país.
“É a criar economia no interior que faremos avançar Portugal inteiro”, rematou.
Partido da coesão territorial
A abrir as intervenções desta tarde, a presidente da Federação de Bragança indicou haver “razões mais do que suficientes para dizer que o PS é o partido da coesão territorial”.
Berta Nunes recordou que foi o PS no Governo que criou o Ministério da Coesão Territorial e que aprovou o primeiro programa de valorização do interior, além de medidas para atrair empresas e pessoas.
“O PSD quer redesenhar o programa de valorização do interior. Não têm mais nada a dizer”, apontou, antes de elogiar os executivos de António Costa por terem colocado em marcha o programa de descentralização de competências para as autarquias.
“O PS é o partido da regionalização e vamos iniciar esse grande debate. Está no nosso programa. Queremos políticas mais próximas dos territórios. O PSD, com Luís Montenegro, é contra”, alertou.
Pacto com o interior
Já a cabeça de lista socialista por Bragança defendeu que o PS representa um projeto humanista, em contraste com a AD.
“As pessoas são quem mais importa”, disse Isabel Ferreira recusando categoricamente, o que descreveu como “demagogias, populismos e simplificações a preto e branco”.
“Queremos nitidez, objetividade e transparência para dar visibilidade ao interior”, acrescentou.
E realçou o “orgulho” que os transmontanos sentem pelo seu património cultural, natural e paisagístico, “locais de elevada qualidade e autenticidade”.
Antecedendo o discurso de encerramento de Pedro Nuno Santos, Isabel Ferreira colocou em contraste o PS e a AD em matéria de promoção de incentivos fiscais, defendendo ser urgente e necessária uma “fiscalidade seletiva”.
“No interior já temos 12,5% de IRC. Não é com os 15% que a AD propõe que as empresas desta zona serão beneficiadas. Os territórios do interior precisam de medidas específicas”, esgrimiu, finalizando com a certeza de que “só o PS, com Pedro Nuno Santos, tem a estratégia, a experiência e o compromisso necessários para a efetiva valorização e desenvolvimento do interior”.