“Temos de combater o discurso de ódio, de discriminação, o discurso de xenofobia, que foi aquilo a que assistimos na casa da democracia: um discurso xenófobo”, declarou Pedro Nuno Santos, em declarações aos jornalistas à chegada ao Funchal, na Madeira, onde participou numa ação de campanha com os cabeça de lista às eleições regionais e europeias, Paulo Cafôfo e Marta Temido, respetivamente.
Perante o que se passou no Parlamento e a posição de permissividade declarada pelo presidente da AR, o líder socialista foi taxativo: “O discurso xenófobo deve ser combatido e denunciado, não deve ser facilitado, não deve ser promovido, não deve ser estimulado”.
Defendeu, por isso, “uma reflexão profunda” sobre o combate ao racismo e à xenofobia por parte da Assembleia da República e do presidente deste órgão legislativo, que por ser a segunda figura de representação do Estado português tem “uma responsabilidade maior do que a maioria esmagadora dos portugueses”.
“A Assembleia da República é um espelho, é uma janela para todo o país, e nós hoje assistimos, infelizmente, a muitas manifestações de ódio, a muitas manifestações de violência, que assentam e que se desculpam na liberdade de expressão, no discurso do politicamente incorreto e que, com isso, vão ofendendo os outros. Nós precisamos de unir as pessoas, não é de as dividir e, por isso, esperávamos muito mais do senhor presidente da Assembleia da República”, apontou.
O Secretário-Geral do PS sublinhou, ainda, “o respeito pelo outro” como “um limite” para a liberdade de expressão, referindo que “o racismo, a xenofobia, corrói a coesão das sociedades”.
“O problema não é o crescimento do Chega em si. O problema é nós começarmos a aceitar, a tolerar como normal o discurso racista. Se há um deputado na Assembleia da República que decide que há uma nacionalidade que é mais preguiçosa do que outra, ele está a legitimar que esse discurso seja feito em todo o lado, que as nossas crianças nas escolas passem a achar que há meninos diferentes, que são filhos de pais que são mais preguiçosos do que os deles”, alertou.
Para Pedro Nuno Santos, não se combate o Chega e o seu discurso xenófobo “fazendo de conta que eles não existem ou ignorando-os”. “É combatendo-os, é combatendo o seu discurso, é mostrando que ele está errado, é impedindo, é bloqueando, é parando. Não é fazendo de conta que eles não existem, não é ignorando como aparentemente o senhor presidente da Assembleia da República optou por fazer”, criticou.
“O PSD convenceu-se de que deixando o Chega usar do discurso xenófobo, racista, consegue anular ou não dar atenção mediática ao Chega. Ao discurso racista, ao discurso xenófobo, nós temos de dar combate e combate diário”, defendeu ainda o líder socialista.
Neste âmbito, o Secretário-Geral do PS assegurou que “o discurso racista do Chega, e de muitos outros que o escolhem ter, vai ter um combate sem tréguas sempre do Partido Socialista”, defendendo “uma sociedade unida, coesa, onde os seres humanos, homens e mulheres se respeitem uns aos outros”.