Falando perante uma sala cheia de jovens, o líder socialista voltou a defender uma aposta no alargamento do parque público de habitação, sustentando que “essa é a resposta mais importante” que se pode dar a um problema estrutural e premente para a sociedade portuguesa, lamentando que essa não seja “uma prioridade para a direita”.
Reforçando que esta é uma resposta urgente a um problema que classificou como “sério, grave e transversal a toda a Europa”, o Secretário-Geral do PS acusou ainda o Governo PSD/CDS de querer “fazer uma coisa que é contraproducente” e que passa por “retirar as restrições numa parte da procura”.
Para Pedro Nuno Santos, isso vai “aumentar a procura, aumentando a pressão, não resolve nenhum problema” e, “muito provavelmente”, agrava-o.
“Nós estaremos cá para mostrar que as políticas deles não produziram os resultados que eles prometeram, agravaram o problema da habitação”, salientou, afirmando que “a direita também não tem solução para os salários dos jovens”.
Dizendo ser necessário “uma economia mais modernizada, que produza mais valor acrescentado e consiga pagar melhores salários”, Pedro Nuno Santos afirmou ser “um engano achar que se resolve o problema dos salários reduzindo impostos às empresas”.
Da mesma forma, apontou, “não há IRS jovem que resolva o problema das remunerações baixas”, quando as propostas da direita para baixar impostos “beneficiam sempre muito mais quem recebe mais”.
“O Governo tem mostrado que não tem solução para nada, a não ser mudar logótipos”, sublinhou.
Na sua intervenção, o Secretário-Geral do PS insistiu numa apreciação muito crítica ao novo Governo de direita que, em pouco mais de um mês de governação, se mostra acantonado na falta de ação para dar respostas ao país e em fazer oposição à oposição.
“Na oposição já fizemos mais do que eles no Governo”, apontou Pedro Nuno Santos, salientando que os partidos têm o “direito de apresentar propostas e lutar para que sejam aprovadas” e que é precisamente isso que o PS está a fazer, dando como exemplo o fim do pagamento de portagens, viabilizado na generalidade no Parlamento na última quinta-feira.
O líder socialista desmontou ainda a narrativa social-democrata sobre alianças com a extrema-direita, lembrando, não apenas, que foi o PSD quem, na última legislatura, votou ao lado do Chega mais de 300 vezes, como assinalando também que o “não é não” de Luís Montenegro foi assumidamente desmentido pelo seu líder parlamentar, Hugo Soares.
“Quem está a negociar com o Chega é o PSD”, evidenciou Pedro Nuno Santos, deixando, igualmente, uma garantia sobre a ação do PS.
“Agora, não deixamos de apresentar as propostas em que acreditamos porque há outros partidos que vão votar a favor delas, era o que faltava”, salientou.
Combater o ódio e a extrema-direita que o incentiva
Já depois da sua intervenção, em declarações aos jornalistas, o Secretário-Geral do PS expressou uma veemente condenação às agressões a imigrantes no Porto, apontando críticas ao discurso, promovido pela extrema-direita, que incita ao ódio e é “terreno fértil” para a violência.
“Há quem se tenha, de alguma maneira, sentido à vontade para começar a expressar essa violência sobre os outros” e “há discursos que têm responsabilidade, há políticos que têm responsabilidades”, atirou, de forma contundente.
Para Pedro Nuno Santos, toda a forma de violência, sobretudo esta, com motivações raciais, tem de ser “combatida sem hesitação”, não só pelas forças de segurança, mas também “por todos os que têm responsabilidade política e pelos cidadãos”.
“Portugal é um país de emigração e nós devemos tratar quem escolheu Portugal para viver e trabalhar como nós exigimos que os nossos portugueses sejam tratados lá fora”, defendeu o líder socialista.
Pedro Nuno Santos destacou também o contributo “profundamente positivo” que os imigrantes e os trabalhadores estrangeiros dão ao país, contrariamente ao discurso de “mentira” da extrema-direita, para a economia e para a Segurança Social, sendo “contribuintes líquidos para as pensões que os portugueses recebem”, contributo esse, acentuou, que “deve ser respeitado, valorizado e referido”.
As comemorações dos 50 anos da Juventude Socialista decorreram em Almada, numa iniciativa de grande participação e com vários oradores convidados, reunindo muitos dos antigos líderes da organização, como Alberto Arons de Carvalho, José Leitão, Margarida Marques, Sérgio Sousa Pinto, Jamila Madeira, o atual Secretário-Geral do PS, Pedro Nuno Santos, Pedro Delgado Alves, João Torres, Ivan Gonçalves, Maria Begonha e o seu atual líder, Miguel Costa Matos.