Pedido de revisão dos resultados pelo PSD é atitude de “má fé” e “desprezo” pelos votos da emigração
“O recurso que é apresentado pelo PSD é completamente incompreensível na medida em que está a tentar anular uma decisão que deliberadamente assumiu durante a noite do escrutínio eleitoral”, vincou o deputado socialista.
Em causa, no recurso apresentado pelo PSD, estão os cerca de 33 mil votos da emigração considerados nulos por não virem acompanhados de uma cópia do Cartão de Cidadão, interpretação na qual os sociais-democratas foram intransigentes durante o escrutínio, contra a posição defendida pelo PS, pretendendo agora que os mesmos sejam contabilizados como abstenção.
Na perspetiva de Paulo Pisco, não só tal interpretação não é possível, como nem sequer esses votos deveriam ter sido considerados nulos. “Se neste momento existem 33 mil e tal votos anulados, esses devem-se exclusivamente à intransigência do PSD em mandar anular todos os votos que não traziam copia do Cartão de Cidadão”, defendeu.
Questionado sobre o motivo que o PS entende estar na base da atitude do PSD, Paulo Pisco atribuiu-lhe um significado político.
“Aquilo que o PSD temia é que, como o número do aumento de votos podia ser favorável ao PS, quiseram anular o maior número de votos possível. Esta é a única explicação política para o que aconteceu naquela noite”, considerou.
Refira-se que a noite do escrutínio, que decorreu entre 16 e 17 de outubro, o PS fez uma reclamação formal, na qual defendeu que, devido à alteração tecnológica introduzida desde as eleições para o Parlamento Europeu, já é possível identificar os cidadãos eleitores através da leitura ótica do código de barras que acompanha o envelope do voto e que o Cartão de Cidadão apenas funcionava como reforço.
“No PS considerámos que não era necessária haver uma dupla identificação do eleitor, sendo feita a leitura do código de barras. Ou seja, se não estivesse a cópia do cartão não seria motivo para anular o voto”, disse o deputado socialista, referindo que houve mesas que tiveram esse entendimento, de acordo com a deliberação da Comissão Nacional de Eleições, que abria a possibilidade de haver flexibilidade das mesas de apuramento nesse sentido.
“O que o PSD está a querer fazer é apagar o que foi uma atitude vergonhosa de mandar anular perto de 35 mil votos. Querem passá-los para a abstenção e assim apagam a sua atitude”, criticou.
Para Paulo Pisco, o pedido do PSD só poderá ser considerado “improcedente” pelo Tribunal Constitucional, com os socialistas a pedirem aos juízes uma “condenação por litigância de má-fé do ora recorrente, ou em alternativa, o indeferimento liminar do presente recurso.”
“Todos nós andámos a fazer uma campanha muito grande para que as pessoas participem civicamente votando e esta atitude do PSD acaba por ser uma forte machada em todo este esforço”, concluiu.