Passes sociais mais baratos vêm “desbloquear anos de falatório político”
O vice-presidente da bancada do PS Carlos Pereira disse, no Parlamento, durante o agendamento potestativo do Partido Socialista sobre passes sociais, que “o combate às alterações climáticas, o estímulo à utilização dos transportes públicos e, como consequência, o apoio aos mais pobres que todos os dias se deslocam nos subúrbios das cidades portuguesas” é um “passo de gigante para desbloquear anos e anos de falatório político, mas quase sempre vazio de concretização”.
Nas vésperas da mudança do sistema de mobilidade e transportes desde que nasceu o passe social, “uma das mais esperadas medidas desta legislatura”, Carlos Pereira explicou que se trata de “uma solução global que envolve o país em torno de objetivos sociais e ambientais”.
“Estamos hoje aqui para apresentar o Plano de Apoio à Redução Tarifária. Um investimento extraordinário do Estado superior a 100 milhões de euros que abrangerá as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e todas as 23 comunidades intermunicipais em que se divide o continente português”, frisou.
A todas as virtudes desta medida, o deputado socialista juntou “o feliz facto de ser financiada, em grande parte, por quem mais polui. É um princípio relevante para concretizarmos o único designo que contribuirá para assegurar a existência da espécie humana: as reduções drásticas de CO2cuja origem principal, todos sabemos, está sobretudo nos sistemas de mobilidade”.
Ora, o Partido Socialista começou “a legislatura a devolver rendimentos” e terminará “a legislatura – com esta medida excecional – a entregar novos rendimentos aos portugueses”, congratulou-se.
No entanto, “uma boa ideia, uma solução estrutural não gera o consenso político aparentemente óbvio”, estranhou o socialista.
Oposição escolheu um “frenesim eleitoralista”
Esta falta de consenso levou Carlos Pereira a questionar os partidos da oposição: “O que têm contra passes sociais muito mais baratos em todo o continente?”.
Para o parlamentar do PS, “o caminho escolhido pelo PSD tem justificação na proximidade eleitoral”. “Há um frenesim eleitoralista que tolda o pensamento que deveria ser de sentido de responsabilidade do maior partido da oposição”, defendeu.
O vice-presidente da bancada socialista alertou depois que “não vale tudo”. “Depois de quatro anos, da vossa responsabilidade, de passes sociais sempre mais caros, de perda de milhões e milhões de passageiros nos transportes públicos e de zero medidas estruturais para o setor, não esperávamos tamanha desfaçatez”, admitiu.
Como o PSD “não está na fotografia desta solução, estrebucha para todos os lados”, atacou. Carlos Pereira esclareceu que a posição do PSD apenas contribui para transformar “o país numa caótica desorientação de vontades e numa insuportável luta de portugueses contra portugueses”.
Segundo o deputado do PS, os partidos da direita, em vez de se mostrarem contra a medida, “poderiam dar garantias que, se ganhassem as eleições, não tencionavam estragar as soluções que tanto trabalho deram a construir”, seguindo “um caminho positivo de se comprometer com o povo português”.
“Mas o país perdeu a possibilidade de convergir nas boas ideias e ganhou um debate demagógico com sentido puramente eleitoralista às mãos do PSD”, lamentou.