PASSAGEM DE TESTEMUNHO

Em 2014, António Costa, recém-eleito Secretário-geral do PS, convidou-me para diretora do “Ação Socialista”. Pouco depois, propus-lhe o lançamento de uma versão digital diária do histórico jornal do partido. E assim nasceu, às 17h de 26 de fevereiro de 2015, com alguma pompa e circunstância, o “Ação Socialista Digital” (ASD), um projeto único no panorama mediático português. Um projeto de vanguarda na tradição pioneira do PS.

Nem todos acreditaram nas potencialidades deste novo desafio comunicacional partidário. O ASD foi fazendo o seu caminho, informando com rigor e transparência, acolhendo a opinião livre e independente, inovando, numa permanente tentativa de adaptação ao tempo e às novas tecnologias, conquistando leitores e granjeando o reconhecimento dos mais céticos. É oportuno lembrar que, pela primeira vez, em Portugal, um partido político não hesitou em correr riscos, abrindo as páginas do seu jornal oficial à opinião de não-filiados, convidando personalidades independentes para serem diretores por um dia, que puderam conceber e editar com total autonomia o alinhamento e os conteúdos do jornal.

Não fizemos tudo bem feito, mas orgulhamo-nos do caminho que percorremos. Parafraseando Vinícius de Moraes, passaram-se dias, horas, meses, anos… Quase dois lustros. Cerca de 1500 edições como plataforma autónoma, até junho de 2021, altura em que o ASD transitou para o Portal do PS. Tinha pensado “passar a pasta” ao fim de sete anos. Entretanto surgiu a pandemia que virou o mundo do avesso, houve a dissolução do Parlamento e eleições antecipadas e, como Jacob no camoniano soneto, fui continuando ao serviço do “amado”.

Antes da despedida, quero agradecer a todas e todos que tornaram possível criar e consolidar este projeto ambicioso. À minha pequena, competente e dedicada equipa, um agradecimento especial. Foi um privilégio trabalhar convosco.

É chegada a hora da passagem de testemunho. Em 2017, por ocasião do terceiro aniversário do ASD, publicámos um conjunto de depoimentos de quem assistiu ao nascimento deste projeto singular e de quem, dentro e fora do PS, connosco quis partilhar um olhar crítico sobre o nosso jornal. Faz sentido citar o que então escreveu o atual diretor, Porfírio Silva: “É notável que se tenha conseguido, com esta nova fórmula, trilhar dois caminhos que nem sempre se conciliam facilmente: por um lado, manter viva a tradição deste órgão de imprensa partidária, tão importante em inúmeras batalhas políticas decisivas para Portugal; por outro lado, adaptar este arauto aos novos tempos, às novas tecnologias e às novas formas de escrever e ler – e partilhar”.

O desafio, agora, é teu, caro diretor. Desejo-te as maiores felicidades, certa de que o “nosso” jornal fica em boas mãos. Vamos trabalhar para vencer as eleições de 10 de março e para que o nosso Secretário-geral, Pedro Nuno Santos, seja Primeiro-ministro nas celebrações do cinquentenário do 25 de Abril.