Partidos que concordem com caderno de encargos do PS são bem-vindos a um apoio parlamentar ao Governo
“É sempre um risco mergulharmos numa situação de instabilidade”, frisou Carlos César, que recordou a “vizinha Espanha”, que está há meses sem um Governo. “É necessário que o partido liderante de um futuro Governo tenha uma votação muito reforçada e muito expressiva para os outros partidos pensarem duas vezes antes de ter exigências desmedidas”, asseverou.
Para o presidente do partido “é muito relevante uma grande votação no Partido Socialista independentemente de ter maioria absoluta ou não”. E alertou que as pessoas que querem que o PS tenha apenas maioria e não maioria absoluta nas eleições legislativas, não votando no partido, podem até fazer com que “o PS possa perder”.
Durante a entrevista, Carlos César lembrou que o Partido Socialista tem um programa de Governo, não podendo comprometer o percurso que fez até hoje “de associação de benefícios sociais, de ativação económica à salvaguarda do equilíbrio orçamental, que é fundamental do ponto de vista da credibilidade do Governo português”.
Ora, “os partidos que estiverem de acordo com esse caderno de encargos central do Partido Socialista são evidentemente bem-vindos a um apoio parlamentar ao Governo, mas não a uma integração numa coligação para efeitos de constituição do Governo”, referiu.
Carlos César deixou depois a sua opinião sobre os partidos da esquerda que apoiaram o Governo durante a última legislatura, depois de quatro anos de negociações enquanto líder parlamentar do PS: “Do ponto de vista metodológico, eu acho que o Partido Comunista é mais fiável na concertação parlamentar do que o Bloco de Esquerda, que é um pouco mais difuso no diálogo”.
Carlos César empenhado na campanha eleitoral
Sobre os últimos quatro anos, Carlos César garantiu que teve “muito gosto nas funções” que exerceu de deputado e de líder parlamentar, que foram “difíceis”, mas “prestigiaram muito o Grupo Parlamentar”.
“Eu sou, neste momento, presidente do Partido Socialista a nível nacional, sou presidente honorário do PS Açores, sou membro do Conselho de Estado, sou vice-presidente da Internacional Socialista. Não me faltam funções onde posso e devo fazer prosseguir o meu empenhamento político”, sublinhou, acrescentando que não pretende repetir a intensidade das suas funções “quer no plano parlamentar, quer no plano executivo” tal como no passado.
Carlos César revelou que, no imediato, vai ajudar o PS na campanha eleitoral para que possa ter “uma grande vitória com a dimensão que se mostra necessária para a estabilidade e para a continuidade do percurso que temos feito de benefício dos portugueses, de consolidação da economia portuguesa, de preparação das resistências do nosso país para qualquer adversidade externa”. E deixou o exemplo dos “problemas derivados da redução da produção da Arábia Saudita do petróleo”.
“É tempo de ajudar à reflexão necessária para que o país e os portugueses decidam bem e para que o Partido Socialista, no futuro Governo, continue de forma competente a gerir o país e com o sentido reformista que se impõe reforçar”, atestou.