Sublinhando que “o objeto desta comissão era claro – a tutela política da TAP” –, Bruno Aragão esclareceu, numa conferência de imprensa depois da apresentação do relatório pela deputada Ana Paula Bernardo, que os socialistas esperam que o documento “possa permitir debater, de facto, o objeto desta comissão, que é extremamente importante para a economia do país”.
O socialista referiu que se está a entrar numa “fase de interpretação política que muitas vezes tolda a forma como a factualidade deve ser analisada” e considerou que “se está a tentar impor” a ideia de que “contra argumentos não há factos”.
O deputado do PS deixou, por isso, um recado aos restantes partidos: “Independentemente da factualidade que se apura, independentemente das respostas que foram trazidas a esta comissão de inquérito, independentemente da base documental que corrobora, ou não, essas respostas, se cada um de nós mantiver o argumentário inicial da comissão de inquérito, de pouco valerá o esforço que tivemos ao longo destas semanas”.
“Esse é o cuidado que nós pedimos a todos os partidos, sobretudo para que não se precipitem numa leitura rápida de um relatório que chegou à meia-noite, que tem 200 páginas e que, certamente, merecerá bastante mais detalhe do que uma ideia geral e abstrata que sobre ele se possa ter”, advertiu.
Bruno Aragão garantiu que, até ao prazo de apresentação de propostas de alteração, dia 10 de julho, o Partido Socialista irá analisar se “caberá a apresentação de propostas e conclusões que possam ser pertinentes”.
Relativamente às críticas de alguns partidos, o deputado do PS disse que os acontecimentos que não constam do relatório preliminar têm de ser “esclarecidos nas instâncias próprias”.
Por exemplo, “decorre no Ministério Público um inquérito” sobre os acontecimentos da noite de 26 de abril no Ministério das Infraestruturas, “inquérito esse que decorrerá independentemente dos trabalhos desta comissão parlamentar”, indicou.
Já sobre a atuação do SIS na recuperação do computador que terá saído do Ministério das Infraestruturas, Bruno Aragão recordou que existiram audições na comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.
“Portanto, não há aqui nenhuma tentativa de não discutir cada uma destas matérias, há é uma instância própria”, reafirmou o socialista, que lamentou que por vezes haja interesse de outros partidos para que estas matérias sejam discutidas, “porque isso diminui o espaço” para o debate sobre “o que realmente importa, que é a TAP”.