“A política precisa de seriedade”, começou por sublinhar o líder parlamentar do Partido Socialista em declarações à comunicação social, recordando quando, no passado dia 26 de outubro, mostrou “no plenário da Assembleia da República um documento de política do Partido Popular Europeu em que era clara a proposta do PPE para o Banco Central Europeu de que era importante aumentar as taxas de juro”.
Ora, as condições que foram invocadas pelo social-democrata Paulo Rangel para atenuar o seu apoio à posição do PPE no final de setembro acabaram por cair pouco depois, tendo o vice-presidente do PSD feito uma declaração de voto que coincide com a linha dominante do BCE em matéria de aumento das taxas de juro e controlo da inflação.
Mostrando uma cópia da emenda proposta pelo PPE a 4 de outubro, Eurico Brilhante Dias sustentou que “não só reforça a determinação que o BCE deve ter para aumentar as taxas de juro, como pede para que esse aumento das taxas de juro seja rápido”, introduzindo mesmo “a palavra ‘velocidade’”.
O presidente da bancada do PS explicou que “esta proposta de emenda foi apresentada por dois parlamentares do PPE e foi votada favoravelmente pelo Partido Popular Europeu”, tendo sido “chumbada por outros grupos parlamentares, mas foi uma proposta do PPE em outubro, que deixou cair as condições e reforçou a necessidade de aumentar rapidamente as taxas de juro”.
Eurico Brilhante Dias destacou em seguida que Paulo Rangel “votou globalmente favoravelmente o projeto” e fez uma declaração de voto onde “não faz menção uma única vez ao aumento das taxas de juro, à posição do BCE, nem como isso é muito importante para salvaguardar o rendimento das famílias portuguesas”.
O Partido Popular Europeu – “um partido conservador, um partido das sanções contra Portugal, um partido que esteve ao lado da austeridade contra os portugueses” – está a “fazer campanha para o aumento das taxas de juro”, asseverou.
“A verdade é que o Partido Popular Europeu – de que faz parte o PPD/PSD – incentivou o Banco Central Europeu a aumentar as taxas de juro que são pagas pelas pessoas nas suas prestações todos os meses”, garantiu o líder parlamentar socialista.
Eurico Brilhante Dias acrescentou ainda que, na sua declaração de voto, Paulo Rangel sublinha que as medidas extraordinárias – “de apoio às famílias e às empresas para ter uma melhor resposta ao aumento dos preços de energia” – devem ser “circunscritas, excecionais e limitadas no tempo”.
Lamentando a posição de Paulo Rangel, que coincide com o discurso do BCE e de Christine Lagarde, o presidente do Grupo Parlamentar do PS frisou que, por sua vez, o Governo português procura “apoiar as famílias” nestes tempos de incerteza.
Eurico Brilhante Dias referiu-se depois à evolução da inflação, defendendo que é importante esperar pelo final do ano para se retirar melhores conclusões: “Estando nós em outubro, o valor em referencial não tem ainda o último trimestre do ano”.
O presidente do Grupo Parlamentar do PS lembrou que o Governo “preparou um Orçamento do Estado para garantir que pode apoiar os portugueses e as empresas em 2023”.
“Se não tivéssemos sido prudentes, provavelmente estaríamos com maiores dificuldades para apoiar. Hoje, em consequência da boa gestão orçamental, com as contas certas, sem fazer austeridade, o país está em condições de responder aos portugueses”, destacou.