“Portugal precisa de alguém que saiba ouvir os portugueses”
Jorge Cabeças, proprietário de uma churrasqueira na cidade de Lisboa, tem 52 anos e encontra-se numa fase difícil da sua vida profissional.
Em 2010 “fiz um investimento em cerca de 10 mil euros para modernizar este restaurante com 44 anos de existência. O meu pai começou com um pequeno negócio e ao longo dos anos fomos crescendo. Há cinco anos atrás tinha nove funcionários, hoje tenho cinco a trabalhar comigo”, diz Jorge Cabeças.
À pergunta sobre quais os fatores que levaram a estes quatro despedimentos, o empresário responde que “com o aumento do IVA da restauração, com os aumentos dos preços dos fornecedores e com as políticas que têm sido adotadas, que têm contribuído para a falta de clientes, não é possível investir, manter postos de trabalho ou ter crescimento”.
“O desemprego e a quebra de rendimentos nas famílias levaram as pessoas a deixar de frequentar regularmente estabelecimentos do sector da restauração. Neste momento trabalho apenas para pagar impostos”, diz Jorge Cabeças, preocupado com o futuro do seu restaurante.
Já com alguma emoção diz que “a maior tristeza que sinto é pensar que ainda terei de ser eu a fechar portas ao projeto que deu tanta luta ao meu pai”.
Jorge Cabeças, que se assume como um dos grandes defensores da redução do IVA da restauração, é perentório: “Não posso aceitar que este ministro da Economia diga que percebe as queixas dos empresários mas que o Governo tem outras opções”.
“Nós, os pequenos e médios empresários, somos os maiores empregadores em Portugal e conforme eu fui obrigado a despedir quatro funcionários, multiplicando isto por milhares e milhares de empresas, temos a triste noção das consequências que todos estes aumentos e esta carga de austeridade têm provocado neste país”, desabafa.
Aproximando-se as eleições legislativas, Jorge Cabeças não tem dúvidas de que “Portugal precisa de alguém que saiba ouvir os portugueses”.
Reportagem de João Pedro Baião