Parceiros europeus manifestaram compreensão pelos argumentos do Governo português
“De todos [recebi] uma grande compreensão, nem todos concordando, mas todos percebendo que há aqui uma questão, que vai merecer ponderação, primeiro pela Comissão, e depois pelo próprio Conselho”, afirmou o chefe do Governo português, no final do Conselho Europeu, em Bruxelas, referindo ter abordado a questão com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e com “vários colegas e no Conselho”.
“Toda a gente percebe que com tantos problemas que a Europa tem, com o ‘Brexit’, com os refugiados, com o terrorismo, com as negociações de sanções com a Rússia (…), acrescentar uma nova crise a propósito de duas décimas que o anterior Governo não terá cumprido e num contexto em que nas piores previsões da Comissão ficaremos sempre abaixo dos 3%, é algo que as pessoas percebem que não faz sentido”, sublinhou.
António Costa reiterou ter sublinhado perante os parceiros europeus “que a aplicação de qualquer tipo de sanção, em função da execução orçamental de 2015, seria incompreensível, injusta e injustificada face à execução de 2016”, lembrando também “a forma como foi acompanhada a execução por parte da Comissão, do Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Central Europeu” e a forma como as instituições europeias tanto elogiaram a política anteriormente prosseguida.
Razões que levam o primeiro-ministro a manifestar confiança que é possível encontrar uma “forma de compatibilizar aquilo que deve ser e tem que ser uma mensagem de rigor por parte da Comissão na execução dos tratados, mas também a leitura inteligente dos tratados”, reafirmando a determinação com que o Executivo tem ultrapassado os cenários que vão sendo colocados.
“Este Governo está preparado para as piores previsões, porque todas as semanas há uma previsão de uma desgraça na semana a seguir. Até agora, já passamos seis meses e essas desgraças ou não se confirmaram ou, tendo ocorrido, foram devidamente ultrapassadas”, afirmou.
“Por isso, eu diria mesmo que este é um Governo que nasceu a enfrentar e resolver desgraças. É isso que estamos a fazer e que iremos continuar a fazer”, sustentou.
Na conferência, o chefe do Governo fez ainda um balanço positivo do Conselho Europeu, congratulando-se por ter sido reconhecido pelos 27 que o Reino Unido “será sempre um parceiro fundamental da União Europeia” e de que é necessário refletir sobre os sinais de descontentamento que os cidadãos têm manifestado sobre o funcionamento das instituições europeias.