Oscar Mascarenhas
Natural de Goa, onde nasceu a 9 de dezembro de 1949, Oscar Mascarenhas frequentou o curso de Direito na Universidade de Lisboa, que abandonou a meio, optando pelo jornalismo. Mais tarde estudou jornalismo no ISCTE.
Começou a trabalhar no início de 1975 no diário “A Capital”, onde ficou até 1982, ano em que ingressa no “Diário de Notícias”, até sair em 2002. Passou ainda pelo “Jornal do Fundão” e pela Agência Lusa antes de regressar ao DN, em 2012, para o cargo de provedor do Leitor. Oscar Mascarenhas foi ainda presidente do Conselho Deontológico do Sindicato de Jornalistas (SJ) durante vários anos e professor na Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa e no Cenjor.
Deixou-nos quando trabalhava na elaboração de uma lista de jornalistas “imortais” para um futuro panteão criado no âmbito do Museu das Notícias. O jornalismo e o país ficaram mais pobres.
Em meu nome pessoal e em nome do Partido Socialista manifesto as mais sentidas condolências pelo falecimento de Oscar Mascarenhas, um grande jornalista que todos nos habituámos a considerar e respeitar ao longo das últimas décadas. Tendo tido a oportunidade de o conhecer sou testemunha da qualidade e da seriedade que sempre colocou ao serviço da sua grande causa, o jornalismo de referência em Portugal. Neste momento de perda e de dor, manifesto a minha profunda solidariedade à sua família, aos seus amigos e aos seus camaradas de causa. António Costa |
O Oscar (sem acento, como fazia questão de dizer) – que tive oportunidade de conhecer razoavelmente bem- não era propriamente um exemplo de um tipo simpático, embora também pudesse ser encantador. Passa-se que dizia sempre o que pensava, o que é pouco compatível com qualquer tipo de hipocrisia. Mas, dito o que tinha para dizer, muitas vezes sob a forma de raspanete, podia voltar a ser o tipo encantador. Vertical é talvez a palavra que mais associo ao Oscar (sem acento) Mascarenhas, cultor do bom Português e do bom jornalismo, que é um jornalismo que tem regras, muitas vezes esquecido na prática quotidiana. Demonstrou-o à exaustão como presidente do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas e como provedor dos leitores do Diário de Notícias, sem dar tréguas às más práticas e ao mau jornalismo e sem evitar, como em toda a sua carreira, uma boa polémica, que aliás gostava de cultivar. Tanto como o idioma de Camões, que defendia com rigor e que escrevia como poucos. Poucos malhavam tanto e tão bem, cortante, mas sempre com o sentido da honradez e da justiça. Como explicava o Ferreira Fernandes esta semana, podia doer, mas era tão bem escrito. O Oscar (sem acento) era um tipo sério que vai fazer uma falta dos diabos. Duarte Moral |
Partiu um dos mais brilhantes jornalistas da sua geração. Há 40 anos, após interromper o curso de Direito, iniciou em A Capital um percurso de excelência. Recordo-o desde esse período, onde, sob a direcção de David Mourão-Ferreira e Francisco de Sousa Tavares, a redação do jornal chefiada por Rodolfo Iriarte foi um verdadeiro alfobre de notáveis jornalistas. O Oscar sempre se distinguiu pela sua cultura, escrita feita de vigor e exigência, e frontalidade nos textos e na vida. Mais tarde, voltámos a cruzar-nos no Diário de Notícias, onde para além de grande repórter foi Provedor do Leitor. A excelência da palavra, como ainda hoje recordou outro excelente jornalista, José Pedro Castanheira. A vida e a cidadania sempre o encontraram na linha da frente. A sua atividade também foi pautada pela participação na Direção do Sindicato dos Jornalistas. Ética, rigor, honestidade, frontalidade, escasseiam os adjectivos para pautar a sua ação sempre feita de exigência. A Universidade que abandonou enquanto jovem estudante veio a recuperá-lo mais tarde como docente de jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social. Lamentavelmente o Oscar já não poderá assistir ao lançamento do livro O Detetive Historiador, que me entregou há pouco tempo para publicação, e que dedica à Natal e à Carolina, ao Alfredo Maia, ao Rogério Vidigal, e aos seus alunos da Escola Superior de Comunicação Social. Homem da liberdade, fica o abraço de sempre, e um viva a liberdade! António Baptista Lopes |