Os jovens movimentam montanhas
Os estudantes da escola martirizada, liderados, entre outros, pela extraordinária Emma Gonzalez, uma jovem de 17 anos, conseguiram emocionar e catalisar os media e a opinião pública para o problema da venda livre de armas nos Estados Unidos. Estão, pela primeira vez, a fazer vacilar seriamente o dogma profundamente enraizado na cultura americana assente na propriedade e manuseamento livre de armas de fogo pelos cidadãos americanos.
A resposta oficial de Donald Trump, sugerindo que os professores devem estar armados para dar resposta a estas ameaças, é o último passo para a militarização da sociedade, é o golpe final na sacralização dos espaços de aprendizagem, da escola como lugar de saber e de formação para o bem, para a construção, para o desenvolvimento positivo da sociedade.
O movimento March for Our Lives está em curso, a grande manifestação marcada para 24 de março promete ser a maior prova de vida de cidadania desde a luta pela igualdade racial. As 30.000 mortes anuais por armas de fogo ou os 18 atentados em escolas com mortes de crianças são fundamentos mais evidentes para esta revolta nos Estados Unidos, mas o que me importa aqui sobretudo sublinhar é a origem deste impulso – a juventude, uma nova força motriz na sociedade americana.
A importância dos jovens é muitas vezes negligenciada. Erradamente. É neles que reside a visão transparente da sociedade, limpa de compromissos, desprendida dos enredos dos acordos políticos e dos contextos. O discurso da juventude tem uma autenticidade que toca fundo na opinião publica, tem uma pureza despida do “politicamente correto” que fala diretamente às pessoas, transporta uma emoção que falta à política.
Por isso, a política precisa tanto dos jovens. Por isso a política tem de lhes dar espaço, atenção e ouvi-los. Nos Estados Unidos, na Europa, no Médio Oriente, na América Latina e em Portugal.
Também aqui precisamos que os jovens sejam mais interventivos, que tenham uma voz mais ativa e mais disruptiva. O PS tem que os ouvir e deve estar permanentemente alerta para os jovens, mas, para isso, é preciso que eles falem, escrevam, comuniquem. Nós estaremos a ouvir.