Opinião: Os bravos do Eurogrupo
Parece que um ruidoso grupo de políticos e comentadores espertalhaços, com o próprio senhor Dijsselbloem à cabeça, queriam que o Governo português tivesse pedido a demissão do presidente do Eurogrupo em plena reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro, precipitando uma votação logo ali, mesmo antes de os chefes de Estado e de Governo terem consensualizado a necessária alternativa política para a liderança daquela instituição. Felizmente, o Governo não caiu nessa esparrela. Como é óbvio, provocar uma votação entre os ministros das Finanças quando a solução para o futuro do Eurogrupo ainda está em construção entre os líderes europeus seria uma grave precipitação, que corria até o risco de produzir o efeito contrário ao desejado, oferecendo ao senhor Dijsselbloem, de mão beijada, o balão de oxigénio de que tanto precisa para amenizar estes seus derradeiros dias à frente do Eurogrupo.
Era o que mais faltava que fosse o senhor Dijsselbloem a ditar a estratégia que devem seguir os que pretendem o seu afastamento, tal como era o que mais faltava que fossem os que sempre tiveram uma atitude de total subserviência em Bruxelas – e sabemos bem quem são – a querer agora dar lições de como se pode, e deve, ser forte e bravo no Eurogrupo!
A verdade é que o Governo está a fazer, com firmeza e paciência, exatamente o que deve ser feito: exigiu, como se impunha, de forma clara e inequívoca, ao mais alto nível, a demissão do senhor Dijsselbloem e fê-lo imediatamente a seguir às suas intoleráveis declarações sobre os países do Sul; teve a coragem de, através do secretário de Estado Mourinho Félix, confrontar, cara a cara, o senhor Dijsselbloem e exigir-lhe um pedido de desculpas em plena reunião do Eurogrupo; finalmente, e mais importante, está a trabalhar ativamente na sede própria, junto das lideranças políticas europeias, na construção de uma alternativa para a liderança do Eurogrupo. Chama-se a isto levar a água ao seu moinho.
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