Opinião: O novo ano letivo
O ano letivo começar a tempo e horas, com horários conhecidos e professores colocados, não deveria ser alvo de qualquer referência. É o mínimo que se espera. Infelizmente, e dado o passado recente, as aulas começarem com normalidade e serenidade já merece elogio.
Esperemos que, dentro em pouco, não seja necessária esta ressalva e nos possamos concentrar no que verdadeiramente importa: as condições de estudo de mais de 1 milhão e 200 mil crianças e jovens.
Reposta, ao que tudo indica, a normalidade no arranque do ano letivo, concentremo-nos então no essencial. Para começar, temos, graças à colocação de mais 500 professores e à diminuição dos horários zero, quase mais 1500 docentes a dar aulas. É uma mudança significativa e que, conjugada com uma melhor organização, garante que 42% das turmas tenham menos de 20 alunos.
Mas o ano letivo começa com duas novidades de peso. Em primeiro lugar, a inflexão da política restritiva seguida por Nuno Crato, centrada nos exames (como os do 4º ano – que não existem em qualquer país da União Europeia) e na exclusão precoce para vias vocacionais. Uma alteração que passa pela introdução da figura do tutor, acompanhando 25 mil alunos com maiores dificuldades, privilegiando um acompanhamento individualizado que garante maiores certezas de sucesso educativo.
Também o Programa de Promoção do Sucesso Escolar, apoiando medidas de combate ao insucesso educativo em 800 escolas, vai no sentido de uma política inclusiva e apostada na melhoria das aprendizagens. O sinal é claro: nenhuma criança será deixada para trás.
A segunda grande alteração é a gratuitidade dos manuais do 1º ano do 1º ciclo, uma medida que o Governo pretende estender aos 4 anos deste ciclo. Há anos e anos que o preço dos manuais escolares é um fardo pesadíssimo no orçamento das famílias.
Não é difícil, para quem tem um filho no 3º ciclo, gastar 300 euros com os livros escolares. Uma família típica, com dois filhos no 2º ciclo ou secundário, facilmente gasta mais de 600 ou 700 euros com as despesas de início do ano letivo. É quase um ordenado médio.
Responder a um problema há muito conhecido, diminuindo progressivamente os encargos das famílias com a educação, é uma medida central para garantir maior igualdade e justiça no acesso à educação.
Terror Global Lda
O século XXI começou com a queda das torres gémeas em Nova Iorque. Quinze anos depois continuamos a viver os efeitos perversos de um terror sem fronteiras e de uma guerra que se tornou permanente. A resposta ocidental a este novo tempo não podia ter sido pior.
Primeiro, a guerra no Iraque que destruiu os ténues equilíbrios no Médio Oriente e gerou um vazio de poder que abriu caminho à barbárie do Estado Islâmico. Mas o mundo mudou também dentro de portas, com a diminuição das liberdades civis e crescentes formas de fiscalização dos cidadãos. Admitimos hoje, em nome da segurança, níveis de intrusão impensáveis antes do 11 de Setembro.
Em Portugal, felizmente, isto pode parecer estranho, mas basta ir a Paris para perceber como tudo é vigiado. A desconfiança face ao outro tornou-se a norma e tem-nos conduzido a um mundo menos solidário.
A forma como o medo das populações tem sido aproveitado politicamente, na Europa mas também nos EUA, tem fomentado o crescimento de todos os populismos. Trump, a esse respeito, é o corolário do medo como estratégia.
Uma cidade ainda mais segura
Os 125 anos da Polícia Municipal de Lisboa, que se celebraram esta semana, ficam marcados com a entrada de mais 257 novos agentes e pela atribuição de novas competências na fiscalização do trânsito e segurança da cidade. Uma velha aspiração de Lisboa e um passo decisivo, também com o novo concurso para 50 bombeiros, para uma cidade ainda mais segura e protegida.
(in Correio da Manhã)