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Opinião: Novas do emprego

Opinião: Novas do emprego

Parece que, afinal, as famosas “reversões” têm produzido excelentes resultados no mercado de trabalho, contrariando muitos críticos, incluindo alguns especialistas em apocalipses que hão de vir. Recordemos que, no final de Maio, Passos Coelho dizia que as políticas do Governo estavam a destruir dezenas de milhares de empregos. “O Governo previa criar 30 mil novos empregos, e já estão em falta quase 60 mil”, acusava o líder da oposição há poucos meses. Na semana passada, o INE divulgou os dados definitivos do emprego e desemprego até Julho. E a realidade é outra, bastante diferente da proclamada pela oposição. Não só se vislumbra qualquer tragédia, como ficamos a saber que os primeiros sete meses deste ano foram os melhores de sempre em termos de crescimento do emprego. A tragédia, a existir, só mesmo para garantiu que vinha aí o diabo, também no emprego.

De acordo com a estatísticas mensais do INE, nos primeiros 7 meses deste ano foram criados 144,8 mil empregos. Em 2015, no mesmo período, haviam sido criados 126,5 mil empregos. Corrigindo dos efeitos de sazonalidade, são 82,7 mil empregos em 2016 e 61,5 mil empregos em 2015. A aceleração no crescimento do emprego é, na verdade, ainda maior, se tivermos em conta que, quando comparado com 2015, há aproximadamente menos 40 mil desempregados ocupados em programa do IEFP. Como uma parte significativa destes desempregados ocupados conta estatisticamente como estando empregado, a sua redução acaba por ter um impacto (estatístico) negativo no emprego. Mesmo com esta redução no número de ocupados, os primeiros sete meses de 2016 foram os melhores de sempre em termos de criação líquida de emprego. Outro dado relevante é o facto do emprego ter continuado a crescer significativamente em Junho e Julho. Em 2015, por exemplo, o emprego caiu nesses dois meses, apesar de ter sido o segundo melhor ano de sempre no sector do turismo. Em 2016, foram criados 62,6 mil empregos nesses dois meses; corrigindo o efeito de sazonalidade, foram criados 41,9 mil empregos.

Não sabemos o que se vai passar até ao final do ano, mas já temos um indicador que aponta para que o emprego deva continuar a crescer: as contribuições para a Segurança Social aceleraram no mês de Agosto. Apesar do INE ter previsto uma ligeira queda do emprego para Agosto, e como tem acontecido sistematicamente desde o início do ano, essa previsão deverá seguramente ser corrigida quando, daqui a um mês, forem divulgados dados definitivos. Nos últimos meses as revisões foram particularmente elevadas e todas no mesmo sentido: emprego revisto em alta, desemprego em baixa.Mesmo assumindo que o emprego estagna até ao final do ano, o que se afigura bastante conservador, e recordando os números de que falava Passos Coelho, facilmente percebemos que o líder da oposição, quando fala, tende a falar de um país imaginário, porventura desejado. No mundo real, mesmo corrigindo os efeitos de sazonalidade, os números do emprego anuais previstos inicialmente pelo Governo já foram largamente ultrapassados.

O tal Governo que a oposição diz promover um país mais pobre e mais injusto repôs prestações sociais de combate à pobreza que haviam sido cortadas por essa mesma oposição, aumentou o salário mínimo, reduziu a carga fiscal sobre o trabalho e assegurou que o emprego não só cresce como cresce mais do que no passado. A linha de recuperação do rendimento das famílias e valorização dos salários, a tal que a oposição garante ter fracassado, é para continuar, como é evidente. Se há algo que sabemos é que a alternativa promove seguramente um país, esse sim, mais pobre, mais desigual.

(in Expresso)