Opinião: Futuro nascido das cinzas
Este é o momento de reunir todos, juntar forças e com coragem e esperança olhar para o futuro. Nada pode ficar como antes! Das chamas extintas com bravura ficam as cinzas, rasto de memórias vividas com lágrimas pela perda de familiares, amigos, conhecidos, vizinhos.
Pela perda, em minutos, de uma vida inteira de trabalho, dedicação e empenho fica o silêncio na impotência de exprimir o que realmente é sentido.
Recordo e adapto, a propósito do fogo que devastou Portugal, os versos de Jorge Palma sobre Portugal:
“Tiveste gente de muita coragem/e acreditaste na tua mensagem/foste ganhando terreno…”. Este terreno que o fogo consumiu tem que se reerguer, reconstruir.
Este é um dos desígnios que o país tem pela frente nos próximos anos: a prevenção e combate aos incêndios florestais e a reconstrução, urgente, do tanto que se perdeu. As conclusões do Conselho de Ministros Extraordinário revelam responsabilidade na assunção deste desígnio por parte do Governo de Portugal.
Definidas as metas e traçadas as etapas, é preciso passar à reconstrução do que foi destruído e à indemnização às vítimas deste horror. Mas passar à ação também na verdadeira reforma do sistema de gestão da floresta e da prevenção e combate aos incêndios, cujo caminho foi desenhado pela comissão independente designada pelo Parlamento, caminho este assumido pelo Governo para fazer aquilo que tem de ser feito. Com determinação e com condução política firme.
A tragédia de dia 15 de outubro revelou que a natureza não se compadece com calendários. No reforço de meios para o combate e prevenção de incêndios, as alterações climáticas têm de ser consideradas no plano de ação para que não se repitam as tragédias deste ano.
É tempo de reconstruir e de construir. O caminho está traçado e a estratégia definida pelo Governo. Este é o tempo de avançar.
Com o país ainda incrédulo com a tragédia, a Assembleia da República discute e vota hoje uma moção de censura apresentada pelo CDS/PP. É curioso que seja protagonizada por um dos rostos mais responsáveis pelo estado a que chegaram as florestas portuguesas, por quem fez parte do Governo que mais cortou na prevenção e combate aos incêndios.
Este é um momento de respeito por quem ainda chora e não para explorar a tragédia para proveito político próprio. É a Direita que temos. Contributo negativo para o momento que todos, coletivamente, vivemos.
O que os portugueses esperam dos políticos é capacidade para construir e não a exploração do sofrimento. Não podemos esperar mais. Há muito para fazer e todos juntos faremos melhor para que das cinzas nasça um futuro!