Falando aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, após uma audiência com o Presidente da República, Carlos César, que esteve acompanhado pelo líder parlamentar, Eurico Brilhante Dias, e pelo Secretário-geral adjunto, João Torres, declarou ter transmitido ao chefe de Estado que os socialistas estão determinados em que “seja intensificado o diálogo com todas as forças políticas, acolhendo também os seus contributos”.
Neste sentido, o presidente do PS adiantou que já durante esta semana “ocorrerão reuniões com o Livre e com o PAN”, abrindo as portas da disponibilidade dos socialistas ao diálogo com “outros partidos que manifestem interesse” neste debate, sem deixar de lembrar que o Orçamento para 2022 será, necessariamente e por vicissitude do seu calendário, um Orçamento para um “período transitório” e marcado por “medidas de incidência de curto prazo”.
“No âmbito do planeamento orçamental de médio prazo, designadamente para 2023, exprimimos a nossa confiança de que, uma vez ultrapassada esta fase mais densa e mais difícil, com este surto inflacionário, com as sequelas ainda da crise pandémica e com novas consequências advenientes da guerra no Leste europeu, seja possível no próximo ano, cumprindo embora alguns dos compromissos eleitorais, ter outra extensão do ponto de vista das políticas reformistas e da contenção da despesa pública”, completou.
Carlos César salientou, também, que para o PS “é muito relevante continuar a garantir a imagem de um país de contas certas”, assegurando a redução continuada do défice e da dívida pública, que apontou como “um fator de grande qualificação” para Portugal “e de atração do investimento”.
“Estamos muito empenhados em que toda esta situação seja ultrapassada e que o país possa respirar confiança, apesar de todas estas adversidades com que hoje nos confrontamos”, concluiu o presidente socialista.
Setúbal: PS empenhado em esclarecimento inequívoco
À margem das questões orçamentais, Carlos César teve também oportunidade de reafirmar o “empenhamento inequívoco” do PS no esclarecimento sobre o processo de acolhimento de refugiados ucranianos pela Câmara Municipal de Setúbal, criticando que uma matéria com esta sensibilidade seja instrumentalizada por “guerras de protagonismo” partidárias.
“Não subordinemos a necessidade de saber o que se passou às guerras internas no PSD [partido que tem falado a várias vozes sobre o tema] ou a guerras de protagonismo entre os diferentes partidos políticos. O que está em causa é saber-se o que se passou e, sabendo o que se passou, prevenir situações próximas e futuras”, asseverou o presidente socialista, perante os jornalistas.
Carlos César lembrou que “o PS aprovou um conjunto de cerca de uma dezena de audições” no Parlamento sobre o tema, entre os quais o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, defendendo que “é importante que este esforço de esclarecimento seja feito”.
“O empenhamento do PS nesta matéria é um empenhamento inequívoco”, afirmou.
Sem deixar de assinalar que lhe suscita, também, “alguma perplexidade quando um presidente de câmara municipal [André Martins, da CDU] acolhe um russo nos seus serviços para prestar apoio a um ucraniano, numa altura em que existe o conflito que existe, e sem acautelar quais as ligações dessa pessoa”, Carlos César salientou, contudo, que, “independentemente dessa perplexidade e da necessidade de tudo isso ser investigado, aquilo que é importante saber-se é que Portugal é hoje um país elogiado por instituições europeias na sua capacidade de acolhimento e de integração dos refugiados”.
“Entre 36 mil refugiados, certamente este caso, como eventualmente outros que possam ocorrer, são episódios que não constituem a marca de acolhimento no nosso país de pessoas refugiadas”, considerou.