“Este Governo, em sete meses, tem procurado ou omitir números à Assembleia da República, ou manipular números”, lamentou o dirigente socialista no primeiro dia de debate na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2025.
Falando numa “manipulação grave”, António Mendonça Mendes apontou o “padrão” deste Governo: “Aquilo que diz não corresponde efetivamente à realidade”.
“É assim no crescimento económico quando dizem que querem crescer acima de 3% e, na realidade, têm um crescimento abaixo do crescimento médio anual dos últimos oito anos; é assim quando, na concertação social, acordam um referencial de aumentos para os trabalhadores e, em Bruxelas, comunicam um referencial abaixo do aumento dos trabalhadores; é assim quando, em Portugal, dizem que não aumentam os impostos, mas inscrevem no plano orçamental de médio prazo a taxa de carbono como uma medida que depende da decisão do Governo o aumento desses mesmos impostos”, exemplificou.
Ora, sobre o Orçamento do desporto, “o ministro dos Assuntos Parlamentares disse uma coisa no plenário que não corresponde à verdade”, lembrou o vice-presidente da bancada socialista, que indicou também os dados divulgados hoje sobre o número de alunos sem aulas. A Fenprof estima que haja mais de 30 mil alunos sem professor a pelo menos uma disciplina, mas o Governo fecha os olhos à realidade e insiste que são apenas 2.300.
O Governo também “faltou à verdade” no Parlamento sobre o saldo do Serviço Nacional de Saúde, vindo depois “desmentir através da correção das próprias declarações e dos documentos que tinham entregado”, referiu.
António Mendonça Mendes avisou que, para haver uma discussão “leal e séria, o Governo tem, de uma vez por todas, perceber que deve respeito à Assembleia da República e que a sua obrigação é fornecer todos os dados à Assembleia da República”.
Por sua vez, o Partido Socialista “está como sempre esteve – em compromisso com os portugueses” e não com o Governo, garantiu o vice-presidente da bancada do PS, explicando que, por isso mesmo, “contra a ilusão deste Governo, o PS apresenta a previsibilidade”.
Assim, “numa matéria tão essencial como são os pensionistas e as suas reformas, ao invés da ilusão do bónus – que é o que o Governo quer fazer – nós apresentaremos o aumento estrutural das pensões e queremos aprovar esse aumento”, vincou.
Continua a opacidade do Governo com os números
Também a vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS Marina Gonçalves criticou a visão do executivo da AD relativamente aos pensionistas: “Ao contrário do PSD, nós achamos que é preciso medidas para todos os portugueses e que, para os pensionistas, é preciso respeitá-los”.
Marina Gonçalves referiu-se igualmente à “opacidade” do Governo em relação a números e, no caso dos alunos sem professor, considerou tratar-se de um “engodo aos portugueses e aos deputados”, defendendo a necessidade de o PSD e o CDS terem “mais respeito”.
A dirigente socialista aproveitou para perguntar à bancada do PSD qual é o impacto global das suas propostas, “porque os números não casam com as propostas de alteração que aqui são apresentadas”.
“O que nós percebemos da parte do PSD é que eles não querem mudar a visão para o país e aquilo que nos dizem é para deixarmos o Governo governar – mal – e eles, no Parlamento, não farão nada para mudar a vida dos portugueses”, comentou.
Ora, o Partido Socialista cá estará “para aumentar o rendimento dos pensionistas, para aumentar investimento para a habitação e para respeitar também o SNS e os seus profissionais”, asseverou Marina Gonçalves.