“Partimos com um défice de qualificações esmagador. O salto que Portugal deu em 50 anos é um salto absolutamente extraordinário”, sublinhou João Costa, esta terça-feira, no final da sessão de apresentação do relatório, em Lisboa.
Observando as conclusões do documento, que analisa e compara os sistemas de ensino de mais de 40 países, o ministro da tutela apontou que os dados sobre Portugal são, no geral, “muito animadores”, referindo, por exemplo, o crescente número de jovens a frequentar o ensino superior ou a cada vez maior cobertura do ensino pré-escolar.
Ainda assim, acrescentou, o relatório aponta também os aspetos em que o país tem de melhorar, insistindo João Costa na importância de acentuar a valorização da via profissionalizante, rebatendo estigmas e reforçando a informação.
“Achar que um ensino mais orientado para a prática e que confere uma qualificação profissional não é uma porta de acesso ao ensino superior não passa de puro desconhecimento sobre o que se faz no ensino profissional”, argumentou o ministro, defendendo também a necessidade de melhorar a orientação vocacional nas escolas.
Também o secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Teixeira, sublinhou a importância de captar mais alunos do ensino profissional, referindo que a porta ficou mais aberta com o concurso especial de acesso para os alunos diplomados de vias profissionalizantes.
“É muito importante que haja perspetivas de futuro para esses estudantes e que haja uma fileira que valorize o esforço de mais de duas décadas de consolidação e de valorização política, social e económica desta via de ensino”, afirmou o governante, lembrando que essa foi também uma das prioridades da revisão do sistema de acesso ao ensino superior.
No que respeita à oferta educativa e formativa da via profissionalizante, ainda que a frequência se situe abaixo da média da OCDE, é de assinalar o destaque conferido às políticas públicas que têm vindo a ser desenvolvidas nos últimos anos, e que se traduzem numa melhoria significativa destes indicadores
O relatório deste ano revela, de resto, uma evolução bastante positiva de Portugal na generalidade dos indicadores, destacando a OCDE o elevado crescimento verificado entre 2015 e 2021 na percentagem de jovens entre os 25 e os 34 anos que concluíram o ensino superior (de 33% para 44%), bem como a significativa diminuição dos que não tinham qualificações de nível secundário (16 pontos percentuais, de 33% para 17%), ao passo que a percentagem de jovens entre os 25 e os 34 anos com qualificações de nível secundário aumentou 5 pontos percentuais, sobretudo em resultado do aumento da percentagem de jovens com qualificações de nível secundário profissional (de 14% para 20%).
Mais escolaridade, melhores rendimentos
De referir também que, segundo a OCDE, a percentagem de jovens entre os 18 e os 24 anos que não estão empregados, nem a frequentar programas de educação ou formação (NEET) é em Portugal de 11,4% (menos 2,9 pontos percentuais do que no ano anterior), valor inferior aos 14,7% registados, em média, na OCDE. Se consideramos apenas os jovens com ensino superior, este valor baixa para os 9,8%, o que coloca também Portugal abaixo da média da OCDE (9,9%).
Os maiores níveis de escolaridade traduzem-se, igualmente, em melhores rendimentos, sendo que, em média, nos países da OCDE, os jovens adultos que concluíram o ensino superior ou equivalente ganham 44% mais do que os que concluíram o ensino secundário ou o ensino pós-secundário não superior profissional, enquanto os que concluíram o ensino superior de ciclo curto ganham, em média, 17% mais – em Portugal estas percentagens são de 58% e 16%, respetivamente.
Estes dados demonstram as vantagens do aumento dos níveis de qualificação, em termos de melhores perspetivas de emprego, maior capacidade de ultrapassar mais rapidamente situações de desemprego, mas também maiores níveis salariais.
Investimento no ensino
Em relação ao investimento das políticas educativas, é de realçar o impacto do mesmo ao nível da intervenção nas idades mais precoces, com Portugal a apresentar elevadas taxas de participação na educação pré-escolar, sendo de destacar os 78% de inscrições de crianças com 3 anos (face à média da OCDE de 73%), o que reflete o enorme esforço que tem vindo a ser efetuado pelo país nesta área.