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O senhor “Minto”

O senhor “Minto”

Um dos “mintos urbanos” (sim, é mesmo “mintos” e vem de mentira!) com que a direita portuguesa se gosta de entreter e tenta entreter os portugueses – seguindo a doutrina Schauble - é que a crise financeira foi devida ao facto de os portugueses terem estado “a viver acima das suas possibilidades”.
O senhor “Minto”

E, para o ainda primeiro-ministro, a demonstração disso era o défice externo que Portugal apresentava, que foi transformado numa espécie de cavalo de batalha para a governação da direita. Ora bem, esta semana ficamos todos a saber que Portugal voltou a ter défice externo, depois destes quatro anos de garrote a que o governo da direita sujeitou a esmagadora maioria das famílias portuguesas. Mais um tremendo falhanço do governo da direita! Ou seja, na linguagem de Pedro Passos Coelho a conclusão seria óbvia: Portugal voltou a viver acima das suas possibilidades. Mas verdadeiramente o que se passa é que é mesmo este Governo que está muito abaixo da necessidade dos portugueses. É preciso mudar de política, é preciso mudar de Governo.

O senhor Juncker, presidente da Comissão Europeia, veio já hoje fazer uma revelação, com as letras todas, de algo que muitos já desconfiavam e que é absolutamente revelador, em toda a sua dimensão, do “sentido de Estado” de Pedro Passos Coelho e do seu governo. E o que Juncker diz é “só” isto: os governos de Portugal e de Espanha opuseram-se sempre a uma solução para o problema da dívida da Grécia antes das suas eleições internas. Estas declarações são duplamente graves: em primeiro lugar confirmam que o governo português esteve sempre no lado errado da discussão na União Europeia em torno da questão grega e nunca no sentido de a resolver; em segundo lugar, que o fez por meras questões do calendário eleitoral em Portugal. O que o presidente da Comissão Europeia veio fazer foi, pois, desmentir com clareza a ideia que Passos Coelho tentou passar nos últimos dias de se ter batido para debloquear a situação criada em torno da Grécia. Mais um “minto urbano” para a vasta coleção do líder da coligação PAF.

Este primeiro-ministro e este governo (basta ouvir o ministro Mota Soares…) fazem das meias-verdades ou da mais absoluta mentira uma verdadeira política oficial. Foi assim que em 2011 chegou ao poder (com a promessa do não aumento da carga fiscal sobre as famílias, a promessa de não eliminar o IVA intermédio de 13%, a promessa de não cortar salários, subsídios de férias e de Natal, etc, etc). É assim que, quatro anos depois, chega ao fim da linha. A opção que se coloca aos portugueses nas próximas eleições é também essa: a escolha entre a política da mentira e a política da verdade. Entre a direita e o Partido Socialista.

Duarte Moral