O Secretário-Geral do PS lamenta a morte de Manuel Cargaleiro
O pintor e ceramista Manuel Cargaleiro, vulto maior da arte portuguesa desde meados do século passado, faleceu este domingo. Tinha 97 anos.
Natural de Vila Velha de Ródão (Castelo Branco), desde cedo se quis artista plástico e não engenheiro agrónomo ou veterinário por vontade paterna. Nome incontornável da Cultura Portuguesa, Mestre Cargaleiro não foi apenas um grande ceramista e pintor, mas um inovador, com merecido reconhecimento internacional.
Ele, que dizia gostar de viver discretamente, deixou a sua marca artística em diferentes suportes, em diversos pontos de Portugal e do estrangeiro. Um painel de azulejos na Costa Amalfitana e a decoração de uma das estações centrais do metro de Paris são alguns exemplos. Paris foi a cidade para onde foi viver na década de 1950, por divergências com o Estado Novo, que o impediu de concretizar o projeto de decorar as paredes da Cidade Universitária, não obstante ter sido o vencedor do concurso.
Integrou nessa altura a Escola de Paris, onde privou com Alfred Manessier, Roger Bissière, Jean Le Moal entre outros. E foi amigo de Vieira da Silva e Arpad Szenes.
O artista plástico que diz gostar da pintura dos outros, ao contrário de outros que só gostam da deles, tem fundações e museus em Portugal e Itália. Em Castelo Branco, está sediada a Fundação Manuel Cargaleiro, que acolhe a sua valiosa coleção de pintura e cerâmica. No Seixal tem um museu projetado pelo arquiteto Siza Vieira.
Em 2022, a Universidade da Beira Interior distinguiu o Mestre com o doutoramento honoris causa. Com esta outorga, nas palavras do reitor Mário Raposo, a UBI reconheceu a honra do agraciado, uma individualidade ilustre pela sua personalidade, pela postura na vida, pela sua obra, saber e sabedoria e pela sua contribuição para a humanidade. Para o feliz, emocionado e largamente premiado pintor, este prémio tem um significado único.
Parafraseando uma frase de Paul Klee que Cargaleiro cita numa entrevista ao jornal Público – Há linhas de tristeza, linhas de alegria, linhas de felicidade – podemos afirmar que hoje escrevemos linhas de tristeza pela morte de um grande artista plástico que nos legou muitas linhas de alegria e de felicidade.
Em meu nome pessoal e do Partido Socialista, manifesto o nosso profundo pesar pelo falecimento de Manuel Cargaleiro, prestando-lhe homenagem e transmitindo à sua família e amigos as mais sentidas condolências.
Pedro Nuno Santos