“Estamos a falar de um Ministério da Saúde que falhou no lançamento de concursos para a contratação de médicos, que falhou, no verão, a gerir os serviços de urgência de obstetrícia, que falhou, agora, na gestão do dossiê do INEM. E sinceramente não tenho confiança nesta equipa da Saúde para gerir agora o inverno que se avizinha e que coloca sempre grande pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde”, disse Pedro Nuno Santos, falando aos jornalistas, à margem da visita a uma empresa na Maia, no distrito do Porto.
Para o líder socialista, perante a gravidade do que sucedeu com a gestão da greve no INEM, “a responsabilidade não é só da senhora ministra, é do primeiro-ministro, que escolhe a senhora ministra e decide manter a senhora ministra e que, em todo este processo, não revelou em nenhum momento ter a consciência da gravidade do que aconteceu”, tendo mesmo “desvalorizado” o sucedido.
“Por isso é que todos nós estamos à espera que termine o inquérito para perceber as causas e as razões destas 11 mortes porque, obviamente, se todos concluirmos que estas mortes podiam ter sido evitadas se a greve tivesse sido gerida de outra forma, aí temos todos que tirar consequências”, defendeu.
E lembrou: “Por menos o PSD exigiu a demissão [de uma ministra do Governo do PS] e, obviamente, que os políticos devem procurar ser coerentes”.
Sobre a notícia de que o Serviço Nacional de Saúde vai afinal, segundo o Governo, ter um prejuízo de mais de 217 milhões de euros no próximo ano, quando na nota explicativa enviada há poucos dias ao Parlamento previa um saldo positivo, Pedro Nuno Santos defendeu que se trata de mais um erro “inacreditável”.
“Estamos a falar de um desvio de algumas centenas de milhões de euros. Aquilo que até mais me chamou a atenção é que uma fatia desta despesa é com a contratação de serviços, o que significa, mais uma vez, uma aposta deste Governo na contratação externa”, disse.
Quanto ao argumento de que este desvio se deve ao Governo anterior, Pedro Nuno Santos notou, uma vez mais, o padrão do atual Governo de se querer desresponsabilizar: “As contas que corrigiu agora podiam estar corrigidas há alguns dias, o Governo não se pode estar sempre a desresponsabilizar”, apontou, sublinhando que “governar não é só apresentar ‘powerpoints’”.
“Governar é lidar com problemas concretos e resolvê-los, coisa que infelizmente este Governo, todos os dias, mostra que não é capaz”, concluiu o Secretário-Geral do PS.